Resumo

Infecções por Candida spp. em pacientes com câncer bucal tem sido crescente nas ultimas décadas. Uma vez que vários fatores inerentes a estes micro-organismos estão diretamente ligados à capacidade de causar doenças e resistir aos antifúngicos, torna-se necessária a avaliação da susceptibilidade antifúngica dessas leveduras. Dentre os fármacos mais utilizados estão os polienos, como a nistatina e anfotericina B, e azóis, como fluconazol. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a sensibilidade antifúngica de espécies de Candida isoladas de amostras clínicas de pacientes com neoplasia bucal. Materiais biológicos obtidos por biópsias de lesões tumorais na cavidade oral foram clarificados com solução aquosa a 20% de hidróxido de potássio, para realização do exame direto e paralelamente semeados para cultura em duplicata na superfície dos meios Ágar Brain Heart Infusion e Sabouraud Dextrose Ágar suplementados de cloranfenicol contidos em placas de Petri e mantidas a 30ºC e 37ºC por até 15 dias. Após o crescimento, as culturas foram purificadas e posteriormente identificadas de acordo com métodos de taxonomia clássica, baseando-se em critérios macroscópicos, microscópicos e fisiológicos, bem como pelo sistema automatizado para leveduras – VITEK 2 (BioMérieuxr®20). Para o teste de susceptibilidade, o método utilizado seguiu condições descritas no documento M27-A3 do Clinical and Laboratory Standards Institute, onde diferentes concentrações dos antifúngicos foram preparadas em intervalos de acordo com o documento padrão, e após 48 horas revelada a concentração mínima inibitória (CIM) para cada isolado. Em 92,3% dos casos predominou o carcinoma escamocelular. Foram isoladas as espécies C. albicans, C. tropicalis, C. famata, C. parapsilosis e C. lusitaniae. Quanto à susceptibilidade dos isolados analisados frente aos antifúngicos testados, todos apresentaram sensibilidade a anfotericina B e a nistatina com o CIM variando de 0,12 a 1,00 µg/mL e 0,06 a 0,12 µg/mL, respectivamente. Para o fluconazol, três isolados de C. albicans foram resistentes com a CIM de 64 µg/mL. Infecções na cavidade oral podem afetar a sobre vida e qualidade de vida dos pacientes com câncer bucal, agravado pela variação na capacidade da resposta medicamentosa dos antifungicos, permitindo a dificuldade de tratamento, e ainda asssim somada à terapia imunossupressora do câncer.