Resumo

Uma das características do Staphylococcus aureus é a sua capacidade de formar biofilme em substâncias bióticas ou abióticas, se tornando um fator importante na patogênese de bacteremia associada a cateter e infecções relacionadas ao uso de outros dispositivos médicos. S. aureus pode expressar mais de 21 diferentes tipos de proteínas de superfície (MSCRAMMs -Microbial Surface Components Recognizing Adhesive Matrix Molecules) que parecem ser responsáveis pela adesão inicial das células bacterianas tanto nos tecidos nativos como em biomateriais contribuindo para a sua patogenicidade e formação de biofilme. Entre essas proteínas estão a proteína ligadora de elastina (ebpS), proteína ligadora de laminina (eno), proteína ligadora de fibronectina (finbA e finbB) e proteína ligadora de fibrinogênio (fib). O presente estudo teve como objetivo detectar a capacidade de formação de biofilme e verificar a presença dos genes ebpS, eno, fib, finbA e finbB, entre 78 isolados de Staphylococcus aureus provenientes de amostras de sangue. Os isolados foram recuperados de pacientes internados no Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre no período de janeiro a junho de 2012. A formação de biofilme foi avaliada conforme técnica adaptada de Stepanovic et al (2007). e a pesquisa de cada gene de adesão foi realizada por uma reação de PCR simplex. Houve formação de biofilme em 83% (65/78) dos isolados, sendo a maioria deles de forte intensidade. Os genes ebpS, eno, fib e finbA foram detectados na maioria dos isolados bacterianos, sendo que o gene da proteína ligadora de laminina (eno) apresentou maior prevalência (87%) entre eles. O gene finbB esteve presente em apenas 8 dos 78 isolados, confirmando sua baixa ocorrência em S. aureus. O estudo evidenciou a alta capacidade de formação de biofilme entre isolados de S. aureus, observando a alta frequência dos genes codificadores de proteínas de adesão nos mesmos. Considerando que esses genes foram detectados tanto em isolados formadores como em não formadores de biofilme, pode-se afirmar que a presença deles não é determinante para o desenvolvimento desse mecanismo de virulência e, da mesma forma, a ausência desses genes não impede a formação do biofilme. Embora esse processo de formação não esteja totalmente claro, sabe-se que a adesão tem um papel fundamental nesse processo, sendo de extrema importância pesquisas relacionada a este mecanismo.