Resumo

Introdução: As meningites bacterianas são infecções graves com alta mortalidade e alto índice de sequelas. Os principais patógenos envolvidos nas meningites bacterianas agudas em pacientes não-neonatais são Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. O diagnóstico padrão ouro é o isolamento do microrganismo em cultura. O uso de antibióticos antes da punção do líquido cefalorraquidiano, o transporte inadequado das amostras e o baixo número de microrganismos na amostra são fatores que contribuem para baixa positividade. Segundo dados do SINAM (Sistema de informação de agravos de notificação), aproximadamente metade das culturas dos casos de meningite piogênica são negativas, sugerindo a necessidade de um método mais sensível para melhorar o diagnóstico. Neste contexto as técnicas de biologia molecular têm potencial para melhorar a sensibilidade do diagnóstico laboratorial. Materiais e métodos: Foram utilizadas amostras de LCR enviados ao setor de bacteriologia da Unidade de Apoio Diagnóstico do Hospital de Clínicas da UFPR. Todas as mostras foram submetidas a cultura e identificação dos microrganismos por métodos convencionais e também a PCR multiplex utilizando o Seeplex Meningitis ACE Detection kit (Seegene Inc., Korea) segundo recomendações do fabricante. Os dados das análises bioquímicas e citológicas do LCR, assim como os dados clínicos dos pacientes foram obtidos através do sistema de informática do hospital. Discussão dos resultados: Foram avaliadas 40 amostras de LCR enviadas ao setor de bacteriologia para diagnóstico laboratorial de meningite aguda. Entre estas amostras 7 tinham características bioquímicas e citológicas de LCR normal, 6 possuíam alterações características de meningites virais e 27 possuíam alterações típicas de meningites bacterianas agudas. Entre essas, 5 foram positivas na cultura e PCR, 2 foram positivas apenas na cultura, 17 foram positivas apenas na PCR e 3 foram negativas nas duas metodologias. As duas amostras positivas apenas na cultura eram de Listeria monocytogenes. Entre as 16 positivas apenas na PCR foram encontradas N. meningitidis, S. pneumoniae, Streptococcus agalactiae. Conclusão: A implantação da metodologia irá promover melhora do diagnóstico podendo reduzir a mortalidade e as sequelas em pacientes com meningite bacteriana.