Resumo

Introdução: A família botânica Piperaceae compreende cerca de três mil espécies, destacando-se o gênero Piper, como importante fonte de substâncias com potencial farmacológico, pela abundância no Brasil e pelo número de espécies referidas por suas propriedades etnomedicinais. Nos últimos anos, a busca por substâncias alternativas ao uso dos tradicionais antifúngicos, recai sobre componentes utilizados pela medicina popular. Vários componentes naturais produzidos pelo metabolismo das plantas são potencialmente uma importante fonte de novos tipos de antifúngicos. As leveduras do gênero Candida são micro-organismos oportunistas que podem acometer pacientes imunocomprometidos e/ou sob terapia antimicrobiana por longo período de tempo, destacando-se a Candida albicans como o principal patógeno de origem fúngica. O objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antifúngica (AF) e determinar a concentração inibitória mínima (CIM) de extratos e partições de quatro espécies de Piper frente a leveduras de importância clínica. Metodologia: Foram testados os extratos etanólico bruto (EEB) e as fases hexânica e clorofórmica do caule de P. caldense e das folhas de P. mollicomum, o EEB e a fase clorofórmica do caule de P. mollicomum e das folhas de P. montealegreanum e o EEB e as fases hexânica, diclorometano e ACOEt das folhas de P. arboreum frente a três linhagens de leveduras: Candida albicans ATCC 76645, Candida tropicalis ATCC 13803 e Candida glabrata ATCC 15545. Soluções dos produtos em diferentes concentrações foram testadas, iniciando-se com 400mg/mL. Para a avaliação da AF e determinação da CIM utilizou-se o método de disco-difusão. Discos estéreis de papel de filtro (6mm de diâmetro), previamente identificados, foram embebidos com 20µL de cada solução em diferentes concentrações. Os inóculos fúngicos (escala 0,5 de MacFarland) foram semeados com auxílio de swabs em placas de Ágar Sabourand Dextrose. Após o semeio os discos foram adicionados e as placas incubadas a 35ºC por 24 horas, quando se realizou a leitura dos halos de inibição de crescimento. Os testes foram realizados em duplicata e os diâmetros dos halos de inibição correspondem aos valores médios das duas leituras. Resultados: Foram considerados ativos os produtos que apresentaram halos de inibição ≥8mm de diâmetro. Observou-se que as fases hexânicas de P. arboreum e de P. mollicomum foram ativas para C. albicans e C. tropicallis. Enquanto que a fase hexânica de P. caldense apresentou-se ativa para todas as linhagens ensaiadas. Os halos variaram de 8 a 22mm e a CIM de 47,78 a 400mg/mL. Conclusão: Estes resultados fornecem subsídios para que os metabólitos secundários dessas plantas sejam isolados objetivando-se futuros estudos para a obtenção de produtos fitoterápicos.