Resumo

As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, possuindo semelhanças no ponto de vista clínico-laboratorial e apresentando importantes diferenças epidemiológicas e nas formas de transmissão. O HBV é um vírus constituído por DNA de fita dupla, pertencente à Família Hepadnaviridae. Em sua estrutura externa ocorre a presença do antígeno de superfície HBsAg (Antígeno Austrália). Sua transmissão ocorre principalmente por relação sexual, de modo vertical e através do contato com fluídos corporais contaminados. O HDV é constituído por RNA de fita simples e é o único representante da Família Deltaviridae. É um vírus defectivo o qual precisa do Antígeno Austrália para realizar sua replicação. Devido a essa dependência, o HDV, possui mecanismos de transmissão semelhantes aos do HBV. O Lacen/RR é o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado de Roraima, sendo referência para diversos agravos de interesse em saúde pública, recebendo amostras devidamente notificadas segundo a Portaria 1271/2014/MS. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi identificar a porcentagem de amostras testadas no Lacen/RR, no ano de 2013, com HBsAg e HDV positivos caracterizando coinfecção. Desta forma, realizou-se um estudo retrospectivo de amostras notificadas para Hepatite B. As que apresentaram positividade para HBsAg foram testadas para o marcador Anti-HDV, conforme Manual das Hepatites Virais/Ministério da saúde (MS). Os marcadores HBsAg e Anti-HDV foram realizados, respectivamente, através dos métodos: imunoensaio de micropartículas por Quimioluminescência, utilizando o Aparelho Automatizado ARCHITECT PLUS (Abbott), o qual detecta qualitativamente o HBsAg e ensaio imunoenzimático que determina qualitativamente o Anti-HDV, ambos em soro humano. Durante o período foram realizados 3550 exames para HBsAg e destes 201 (5,7%) apresentaram HBsAg positivo. Deste total 21 (10,4%) amostras apresentaram resultado positivo para HDV e 138 (68,6%) apresentaram resultado negativo, sendo que 42 (21%) amostras não puderam ser testadas devido à insuficiência de volume, fator que poderia refletir em aumento da positividade para HDV. Após análise dos dados obteve-se 10,4% de positividade para HDV em amostras também positivas para HBsAg. Esta taxa obtida, considerada elevada, corroba com os dados do MS que confere a Região Norte aproximadamente 79% do total dos casos nacionais. Fato preocupante para a saúde pública uma vez que a taxa de mortalidade apresentada no período de 1999-2011, pelo HDV, é cerca de 46% na região em destaque. Aumento da efetividade de campanhas de vacinação para HBV e de ações para conscientização seriam boas estratégias para diminuir as taxas da região.