Resumo

Introdução: Um dos principais mecanismos de resistência aos antimicrobianos beta-lactâmicos é a produção de Beta-lactamase de Espectro Estendido (ESBL), enzima mediada por genes plasmidiais, capaz de hidrolisar a cadeia oximino-betalactâmica presente na estrutura das penicilinas, cefalosporinas e monobactâmicos, inativando-os e proporcionando maior resistência bacteriana. Materiais e Métodos: Foram analisadas 30 bactérias Gram negativas isoladas de hemoculturas de pacientes do Hospital Regional do Agreste, Caruaru-PE, no período de fevereiro a junho de 2014. A partir dos frascos de hemoculturas, foram aspiradas alíquotas para preparação de uma lâmina que foi corada pelo Gram e para semeadura no Ágar Sangue e Ágar MacConkey. As colônias obtidas foram identificadas quanto ao gênero e/ou espécie, de acordo com os resultados das provas bioquímicas no Ágar Tríplice Sugar Iron, Sulfeto, Indol, Motilidade (SIM), Citrato de Simmons, Ágar Uréia e meio IAL. As cepas identificadas foram submetidas ao teste disco-difusão, utilizando beta-lactâmicos de amplo espectro, propostos pelo CLSI 2014, para determinação do padrão de sensibilidade. Para caracterização fenotípica da produção de ESBL, foi utilizada a metodologia aproximação de discos. Para controle de qualidade, foram utilizadas cepas de Escherichia coli (ATCC 25922) e Enterobacter cloacae positiva para ESBL. Discussão: As 30 cepas Gram negativas foram classificadas em 5 gêneros distintos, havendo um predomínio de Proteus mirabilis (23,33%), Pantoea agglomerans (20%) e Escherichia coli (16,6%). As taxas de resistência frente às cefalosporinas ceftriaxona, cefotaxima, ceftazidima, cefepime e ao monobactâmico aztreonam foram, respectivamente, 80%, 86,66%, 56,66%, 60% e 60%. Uma das causas desse elevado percentual de resistência pode estar ligada ao uso abusivo de cefalosporinas de terceira e quarta geração e a dificuldade no controle hospitalar de microorganismos resistentes. Houve uma prevalência de 73,33% de bactérias produtoras de ESBL, observando-se que Proteus mirabilis e Pantoea agglomerans corresponderam a 45,44% de todas as cepas ESBL (+), porém vale ressaltar que Enterobacter cloacae correspondeu a 13,63%, Acinetobacter sp. 9,09%, Pseudomonas sp. e Escherichia coli 4,54%. Conclusão: A frequência de ESBL foi elevada, prevalecendo o gênero Enterobacter como potencial produtor. Esta alta positividade pode ser devido à pressão seletiva sofrida pela utilização indiscriminada de cefalosporinas de amplo espectro.