Resumo

Bactérias são seres dotados de grande capacidade adaptativa, podendo desenvolver mecanismos que as tornem resistentes à ação de antibióticos. Este problema faz com que diversas medidas venham sendo adotadas para melhorar o combate a cepas resistentes. As plantas, como fontes naturais de substâncias bioativas, têm demonstrado importantes capacidades na terapia antimicrobiana, seja isoladamente ou em associação com antibióticos. Este trabalho avaliou a capacidade do extrato de Punica granatum L. de modular a resistência de uma cepa multirresistente de Staphylococcus aureus a antibióticos de diversas classes, além de testar o efeito dessa associação frente a uma cepa não-resistente. O extrato de P. granatum foi obtido por maceração das cascas de seus frutos em etanol a 96%. O extrato foi concentrado em evaporador rotativo à temperatura de 40 °C. As cepas microbianas, ambulatoriais e ATCC, de S. aureus foram isoladas e identificadas, e cultivadas em ágar Müeller-Hinton por 24 horas, para a obtenção de uma suspensão microbiana de concentração padronizada. As concentrações inibitórias mínimas (CIM) do extrato e dos antibióticos foram determinadas separadamente, e em seguida, foi determinada a CIM do antibiótico na presença de uma concentração sub-inibitória do extrato. Os testes foram realizados pelo método de microdiluição em caldo Müeller-Hinton. Após 24 horas de incubação, o crescimento bacteriano foi evidenciado pela mudança de coloração de uma solução aquosa de resazurina. Os resultados mostraram que o efeito do extrato de P. granatum foi sinérgico a dois dos antibióticos testados frente à cepa multirresistente. Desta forma, os resultados permitem afirmar que o extrato de P. granatum posssui constituintes capazes de modular a resistência bacteriana das cepas de S. aureus, reduzindo a CIM dos antibióticos ampicilina e amoxicilina. Por outro lado, a ausência deste efeito em relação aos outros antibióticos está provavelmente relacionada à natureza de seus mecanismos de resistência. Os resultados obtidos corroboram com as indicações de que os fitoconstituintes são importantes aliados no tratamento de infecções multirresistentes, tanto isoladamente quanto em associação aos antibióticos tradicionais, de forma a melhorar a eficácia destes e reduzir efeitos colaterais indesejados do tratamento com quimioterápicos. Os autores agradecem ao CNPq e ao PROPESQ/UEPB pelo financiamento do projeto.