Resumo

O reino vegetal representa a mais valiosa fonte de substâncias bioativas, sendo desde sempre estudado para a obtenção de moléculas utilizadas tanto diretamente no tratamento de enfermidades, quanto como modelos para a síntese de fármacos. O mercado de medicamentos fitoterápicos cresceu nas últimas décadas, e hoje constitui um amplo campo de pesquisa farmacológica. Dentre estas pesquisas, aponta-se que a utilização de fitocomplexos surge como alternativa para o combate direto a cepas bacterianas resistentes aos antibióticos tradicionais. Há indícios, também, da capacidade dos fitoconstituintes de modular diversas funções celulares dos microrganismos, entre elas, a resistência aos antibióticos. Diante disto, este estudo teve como objetivo avaliar a capacidade do extrato de Schinopsis brasiliensis Engler de modular a resistência microbiana de uma cepa ambulatorial resistente de Escherichia coli a antibióticos de diversas classes, e compará-la ao efeito em uma cepa não-resistente. O extrato da casca de S. brasiliensis Engl. foi obtido por maceração e concentrado em rotaevaporador a 40 °C. As cepas microbianas foram isoladas e identificadas, e em seguida cultivadas em ágar Müeller-Hinton por 24 horas, para a obtenção de uma suspensão microbiana de concentração padronizada. Para a avaliação da atividade moduladora, em um primeiro momento, foram determinadas as concentrações inibitórias mínimas (CIM) do extrato e dos antibióticos isoladamente. Em seguida, para avaliar a capacidade de modulação da resistência microbiana, foi determinada as CIM dos antibióticos na presença de uma concentração sub-inibitória do extrato. Os ensaios foram realizados utilizando-se o método de microdiluição em caldo Müeller-Hinton; as placas foram incubadas por 24 horas, e o crescimento bacteriano foi evidenciado pela mudança de coloração de uma solução aquosa de resazurina. Os resultados obtidos mostram que o extrato de S. brasiliensis Engl. possui uma importante capacidade de modulação da resistência microbiana, aumentando a eficácia de todos os antibióticos testados frente à cepa resistente de E. coli e à cepa ATCC. Estes resultados permitem afirmar que o extrato desta planta é um potencial aliado no combate a infecções bacterianas causadas por E. coli, e sendo utilizado em associação a quimioterápicos, poderá possibilitar a redução das dosagens destes, e com isso, reduzir seus efeitos colaterais, entre outros malefícios da resistência microbiana. Os autores agradecem ao CNPq e ao PROPESQ/UEPB pelo financiamento do projeto.