Resumo

Os antibióticos carbapenêmicos representam a terapêutica indicada para o tratamento de infecções graves causadas pelo complexo A. baumannii - calcoaceticus no ambiente hospitalar. Porém, vários são os mecanismos que conferem resistência aos carbapenêmicos, sendo a produção de &beta-lactamases da classe D de Ambler (OXA-carbapenemases) o mecanismo mais prevalente. No Hospital Regional Hans Dieter Schmidt (HRHDS), em Joinville - SC, foram confirmados 139 isolados clínicos do complexo A. baumannii - calcoaceticus resistentes aos carbapenêmicos (CRAb) no período entre janeiro de 2010 e dezembro de 2013, destacando-se os meses de junho e dezembro de 2011, nos quais foram caraterizados surtos causados por este patógeno. O presente estudo objetivou avaliar os perfis fenotípico e genotípico do complexo A. baumannii - calcoaceticus causador de infecções relacionada à assistência à saúde no HRHDS. Os dados do perfil de suscetiblidade aos carbapenêmicos correspondentes ao período 2010 a 2013 foram coletados junto ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da instituição. Para as avaliações fenotípicas e genotípicas foram utilizados 118 isolados clínicos identificados em uma variedade de sítios anatômicos e setores do hospital, obtidos entre junho de 2011 e agosto de 2013. Foram considerados resistentes a imipenem e meropenem os isolados que apresentaram halo de inibição ≤ 13 mm via disco difusão e concentração inibitória mínima (MIC) ≥ 16 µg/mL utilizando-se Etest®. A investigação conjunta da presença de cinco famílias de genes codificantes de oxacilinases - blaOXA-23-like, blaOXA-24-like, blaOXA-51-like, blaOXA-58-like e blaOXA-143 foi realizada via Multiplex PCR. A maioria dos isolados (87,3%) apresentou os genes blaOXA-23-like e blaOXA-51-like simultaneamente, enquanto três (2,5%) apresentaram apenas o gene blaOXA-51-like. Ambos os grupos apresentaram MIC ≥ 16 µg/mL para imipenem e meropenem. Nenhum dos isolados apresentou os genes blaOXA-24-like, blaOXA-58-like e blaOXA-143. Em 2011 foram identificados 22 isolados CRAb, correspondendo a 84,6% das amostras avaliadas. Em 2012 e 2013, os isolados CRAb aumentaram para 64 (96,9%) e 53 (98,1%), respectivamente. Os isolados referentes aos surtos não diferiram dos demais quanto às características avaliadas. Observou-se o surgimento de cepas com suscetibilidade intermediária à tigeciclina, alcançando sete (10,9%) e oito (15,1%) isolados em 2012 e 2013, respectivamente, além de três (5,7%) isolados resistentes em 2013. Os isolados apresentando sensibilidade intermediária ou completa à tigeciclina não diferiram quanto a ocorrência dos genes blaOXA-23-like e blaOXA-51-like. Em conclusão, o levantamento do perfil de suscetibilidade aos carbapenêmicos realizado aponta o progressivo aumento da circulação de isolados CRAb no período avaliado.