Resumo

O aumento da resistência de patógenos bacterianos aos antimicrobianos é um problema de saúde pública global, uma vez que atualmente algumas espécies de bactérias são resistentes a praticamente todos os antimicrobianos convencionais disponíveis. Ademais, o número de novas drogas liberadas e esperadas para entrar no mercado é limitado. Assim, novas abordagens terapêuticas são necessárias. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial antimicrobiano de nanopartículas de prata (AgNPs) combinadas com o antibiótico doxiciclina, frente a espécie bacteriana Escherichia coli. Utilizou-se AgNPs obtidas a partir de uma investigação, via planejamento fatorial completo do tipo 33, da influência dos fatores da rota de síntese verde. Os fatores estudados foram: pH de síntese (7, 10 e 13), concentração de partida de íons prata, Ag+ (0,01mM, 0,2mM e 1,0mM) e concentração do agente estabilizante, neste caso a polivilpirrolidona, PVP (0,5g/L, 1g/L e 5g/L). O potencial antimicrobiano foi avaliado através do método de difusão em meio sólido, segundo as recomendações do CLSI, com modificações. Foi utilizado um furo no ágar ao invés do disco de papel para a difusão das nanopartículas de prata associada à doxiclina. A doxiciclina livre foi utilizada como controle positivo. As AgNPs, combinadas com doxiciclina, que apresentaram a melhor atividade antibacteriana foram as sintetizadas sob as condições de pH 10, exceto a combinação com 0,01mM de Ag+ e 0,5g/L de PVP e de pH 13, exceto a combinação com 0,01mM de Ag+. Dentre essas, a que produziu o maior halo de inibição (19mm) foi a sintetizada em pH 10 com 0,01mM e 5g/L de Ag+ e PVP, respectivamente. Em pH 7 não houve formação de nanopartículas. Os resultados desse estudo indicam uma atividade promissora de nanopartículas de prata, combinadas com o antibiótico doxiciclina, no combate a patógenos bacterianos.