Resumo

A resistência aos carbapenêmicos em isolados clínicos de Acinetobacter baumannii está frequentemente associada à produção de carbapenemases da classe D de Ambler que incluem a OXA-51, intrínseca desta espécie e as OXA-carbapenemases adquiridas (subfamílias OXA-23-, OXA-24/40-, OXA-58- e OXA-143-like). Com o objetivo de avaliar a resistência aos carbapenêmicos e a presença de genes codificadores de carbapenemases este estudo foi realizado em amostras de Acinetobacter spp. consecutivas e não repetidas recuperadas no HU de Londrina no período de janeiro a abril de 2014. Os isolados foram identificados e tiveram os perfis de resistência aos antimicrobianos determinados pelo método automatizado Vitek 2® (Biomerieux), métodos bioquímicos adicionais e a técnica de disco-difusão. A detecção dos genes blaOXA-23-like, blaOXA-24-like, blaOXA-51-like, blaOXA-58-like, blaOXA-143 e blaKPC foi realizada em 67 isolados por PCR. De um total de 140 amostras recuperadas no período estudado, 92,8 % e 92,9 % foram resistentes ao meropenem e imipenem, respectivamente e todos os isolados foram sensíveis ás polimixinas. Dos 67 isolados clínicos testados quanto a presença de genes codificadores de carbapenemases, os genes blaOXA-23-like e blaOXA-51-like foram detectados em 45 (70,31 %) e 63 (98,44 %) dos isolados, respectivamente, e a ocorrência simultânea dos mesmos foi verificada em 53 (82,81 %). O gene blaOXA-143 foi detectado em seis isolados (9,37%), sendo que 5 (7,81%) apresentavam a ocorrência simultânea com o gene blaOXA-51-like. Estudos anteriores revelam a endemicidade de A. baumannii portador de blaOXA-23 no HU de Londrina, entretanto, foi descrito apenas um isolado portador de uma nova variante do gene blaOXA-143. A detecção de A. baumannii produtores de OXA-143 está sendo monitorada a fim de controlar a disseminação e o estabelecimento deste microrganismo no HU. Diante do exposto, os dados obtidos neste estudo ressaltam a alta prevalência de isolados clínicos de Acinetobacter spp. resistentes aos carbapenêmicos e portadores de blaOXA-23-like e a possível dissminação do gene blaOXA-143 no HU de Londrina evidenciando a importância destes determinantes de resistência como prováveis responsáveis pelas altas taxas de resistência a estes fármacos e pela manutenção de um estado endêmico deste patógeno no HU. Estudos posteriores de tipagem molecular e sequenciamento dos amplicons obtidos ajudarão no esclarececimento da epidemiologia desses microrganismos no hospital.