Resumo

Introdução: As infecções do trato respiratório inferior são uma importante causa de mortalidade no âmbito hospitalar. Dentre essas, as pneumonias bacterianas se destacam como a apresentação clínica mais frequente. Apesar de pacientes previamente saudáveis poderem ser acometidos, os pacientes afetados costumam ser imunossuprimidos devido internamento em UTI, neoplasias, HIV, diabetes, alcoolismo, dentre outros fatores. Diversos microrganismos tanto Gram-positivos como Gram-negativos podem estar envolvidos na etiologia e a terapêutica deve ser direcionada para a bactéria causadora da infecção. Objetivos: Os objetivos deste estudo foram identificar a prevalência, assim como os microrganismos causadores e testar a sensibilidade antimicrobiana a partir de amostras do trato respiratório inferior de pacientes de um hospital de atenção terciária de Fortaleza-CE. Metodologia: No período de janeiro a dezembro de 2012, foram analisadas 1056 amostras clínicas do trato respiratório inferior, das quais 493 foram positivas para bactérias. O diagnóstico bacteriológico foi realizado por meio das características bioquímicas dos agentes etiológicos isolados tanto por meio de testes manuais, como pelo sistema de automação Vitek (BioMerieux®). O teste de sensibilidade aos antimicrobianos para a bactéria Pseudomonas aeruginosa, utilizou o método de automação do VITEK 2 (BioMerieux®) seguindo as normas como descrito no documento do CLSI (2012). Resultados: Das 493 bactérias isoladas de amostras clínicas do trato respiratório inferior, o agente bacteriano mais freqüente foi a Pseudomonas aeruginosa 38,94% (192), seguido pelas enterobactérias 29% (143); Acinetobacter sp. 12,57% (62), Stenotrophomonas maltophilia 9,73% (48); Burkholderia cepacia 7,3% (36) e Staphylococcus aureus 2,43% (12). Quanto à resistência aos antimicrobianos frente a P. aeruginosa, foi observado que os β-lactâmicos, incluindo os carbapenêmicos e piperacilina+tazobactam apresentaram um índice de resistência de 50% cada um, aminoglicosídeos de 32% e quinolonas 8%. Conclusão: Este ensaio demonstra a emergência das bactérias não fermentadoras, especialmente a P. aeruginosa, como principal responsável pelos casos de pneumonias em um hospital de atenção terciária de Fortaleza, associado a uma alta resistência in vitro aos antimicrobianos, o que dificulta o tratamento desses pacientes e justifica contínua vigilância microbiológica dessas amostras nesses centros de atenção de saúde.