Resumo

O gênero Acinetobacter é frequentemente isolado em hospitais e se destaca pela sua alta morbidade e mortalidade em pacientes infectados. A identificação das várias espécies do gênero Acinetobacter é importantíssima e complexa. A distinção entre espécies é realizada por métodos complexos, que exigem custo e são morosos. O presente estudo visa caracterizar bioquimicamente as cepas de Acinetobacter spp. isoladas de pacientes internados e do ambiente hospitalar em 3 hospitais privados e 2 públicos na cidade do Natal-RN no período de março de 2013 a março de 2014 e comparar posteriormente com o método Maldi-Tof . Foram utilizadas 101 amostras, isoladas de diferentes sítios, sendo 68 de pacientes ( amostras urinárias, de sangue, secreções traqueais, líquor e secreções de feridas) e 33 do ambiente hospitalar (bancada de procedimentos médicos, macas, chão e maçanetas de portas). As amostras foram identificadas pelas seguintes metodologias: Coloração de Gram, Teste de fermentação de açúcares, Oxidase e Catalase para identificação a nível de gênero e Crescimento em Mac Conkey à 44ºC para diferenciar o A. baumannii das outras espécies, as amostras também foram identicadas por Maldi-Tof. A metodologia manual resultou em 86 amostras de A.baumannii e 25 amostras de Acinetobacter sp. não A.baumannii. Os resultados do Maldi-Tof foram: 7 A.nosocomialis, 2 A. pittii,1 A. radioresistens e 82 A. baumannii, porém, também foram identificados outros Bacilos Gram-negativos não fermentadores como: 2 Ochrobactrum intermedium, 2 Strenotrophomas maltophilia, 1 Acinetobacter sp.,além de organismos fermentadores de açúcares como: 1 Leclercia adecarboxylata, 3 Enterobacter cloacae. As divergências podem ter ocorrido devido a vários fatores: Desde a sensibilidade do teste de fermentação de açúcares, até a similaridades de características bioquímicas com outras espécies. Os resultados sugerem que a associação entre os dois métodos permite uma melhor identificação, além da identificação a nível de espécie. A prova de crescimento a 44ºC é uma alternativa para a identificação de Acinetobacter baumannii visto que ela foi coerente em 75(91,5%) das amostras comparando com o resultado do Maldi-Tof. Ambas as metodologias contem limitações mas os resultados foram idênticos em 93 amostras (92,1%). A correta identificação das amostras de Acinetobacter spp. permite não só o controle de surtos como também a melhor seleção terapêutica, resultado em uma menor taxa de mortalidade e morbidade.