Resumo

Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria oportunista principalmente associada à infecções nosocomiais. Uma característica marcante de cepas de P. aeruginosa é a produção de bacteriocinas ou piocinas, que são proteínas, peptídeos ou lipopeptídeos antimicrobianos capazes de inibir bactérias filogeneticamente relacionadas ou não. Diante do crescente aumento de cepas de P. aeruginosa, multirresistentes aos antibióticos usuais associadas às infecções hospitalares, o presente trabalho teve como objetivos: rastrear isolados clínicos de P. aeruginosa com perfil de multirresistência aos antibióticos, detectar piocinas com amplo espectro de atividade antimicrobiana contra 21 cepas indicadoras de interesse médico, incluindo: Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Streptococcus pneumoniae, S. pyogenes, S. sanguinis, Enterococcus faecalis, Candida albicans, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Acinetobacter baumannii, S. aureus resistentes à meticilina e contra isolados multirresistentes da própria espécie P. aeruginosa, bem como realizar uma análise epidemiológica preliminar dos isolados visando identificar possíveis casos de infecção cruzada.Para tanto, foram analisados 70 isolados de pacientes internados em 3 hospitais públicos de Maceió – AL. As maiores taxas de resistência foram expressas contra as fluoroquinolonas e os aminoglicosídeos, com frequências de 47,14% (33/70) e 40% (28/70), respectivamente. A associação piperacilina-tazobactam apresentou-se como a melhor opção terapêutica dentre os antimicrobianos testados, seguido pelos carbapenêmicos. Foram detectadas cepas produtoras de piocinas de amplo espectro, 5 cepas foram capazes de inibir mais de 10 cepas indicadoras de interesse médico, indicando a importância de se rastrear tais complexos em busca de novas alternativas terapêuticas. A análise epidemiológica preliminar dos isolados de P. aeruginosa, com base na associação das características fenotípicas analisadas quanto à resistência aos antibióticos e à produção de piocinas, indica que apesar da ocorrência P. aeruginosa com o mesmo perfil fenotípico elas não ocorreram no mesmo período, sugerindo que não ocorreram casos de infecção cruzada, nos hospitais analisados, no período de Março a Junho de 2011. Entretanto, testes moleculares deverão ser realizados para confirmar esta hipótese.