Resumo

Os fungos endofíticos colonizam o interior de tecidos de plantas vivas sem causar danos, podendo conferir a planta hospedeira resistência ao ataque de patógenos e a condições adversas. A acerola é uma planta rústica e resistente, cujo fruto é rico em vitamina C, além de ser fonte de pró-vitamina A, ferro e cálcio. O objetivo do trabalho foi analisar a estrutura e a composição da comunidade de fungos endofíticos de aceroleira (Malpighia emarginata D.C.). As amostras de folha foram coletadas no pomar comercial Acerolândia, Município de Paudalho, PE, Brasil, em cinco subáreas em diferentes partes do pomar. Em cada subárea foram selecionados quatro espécimes de M. emarginata e coletadas quatro folhas completamente expandidas e saudáveis sendo duas da base e duas da cobertura da copa. Para o isolamento dos fungos endofíticos foi utilizada a técnica de desinfestação superficial, que consistiu na imersão das folhas em etanol 70%/1 minuto, em hipoclorito de sódio (2-2,5 % de cloro ativo)/4 minutos, em etanol 70%/30 segundos e lavados três vezes em água destilada e esterilizada. De cada folha, foram retirados oito fragmentos de 2,5 x 2,5 mm sendo distribuídos sobre o meio de cultura Batata Dextrose Ágar acrescido de cloranfenicol (100 µg/mL) contido em placas de Petri e incubados a temperatura ambiente (28 ± 2ºC). Do total de 640 fragmentos foliares de M. emarginata foram obtidos 437 isolados de fungos endofíticos filamentosos, representando uma taxa de colonização de 61,25%. Da cobertura e da base da copa das aceroleiras obteve-se 214 e 223 colônias respectivamente, não sendo verificada diferença significativa entre as mesmas (p> 0,05). Foram identificadas 15 espécies e apenas dois isolados foram identificados ao nível de gênero . Todos os isolados foram do filo Ascomycota, incluindo os anamorfos (Hyphomycetes e Coelomycetes). Houve três espécies dominantes: Colletotrichum gloeosporioides, Guignardia bidwellii e Glomerella cingulata. Tanto nas folhas da cobertura quanto da base, a espécie dominate foi C. gloeosporioides. A riqueza de espécies foi maior na cobertura da copa, sendo Cercospora apii, Cladosporium oxysporum, Curvularia brachyspora, Drechslera biseptata e Penicillium sp. obtidas apenas dessa porção da copa. O nível da copa da árvore não influenciou no número de isolados, mas sim na riqueza de espécies foi maior no nível mais alto da copa das aceroleiras.