Resumo

A diversidade microbiana é pouco estudada na Caatinga, um bioma exclusivo do Brasil. Devido às características climáticas e geológicas peculiares, seus solos podem favorecer o crescimento de micro-organismos extremófilos ou adaptados a condições ambientais restritivas. As arqueias podem predominar tanto numérica quanto metabolicamente em relação às bactérias neste tipo de ambiente. O objetivo do trabalho foi isolar e cultivar arqueias halofílicas e termofílicas de amostras de solo da caatinga. Baseado em estudos preliminares, foram selecionadas duas amostras de solo da região do complexo de desertificação do Cariri, Rio Grande do Norte, nas quais foram detectadas sequências pertencentes à família Halobacteriaceae. As amostras, coletadas no ano 2010, foram caracterizadas como solos ácidos (pH 5,5) e pobres em matéria orgânica (até 2%). Foi inoculado 1 g de solo em tubos com tampa de rosca contendo 10 ml de meio HM líquido (Halobacterium Medium) ou 10 ml de meio extrato de solo liquido (1:10). Os tubos foram incubados inclinados a 50^oC, em condições aeróbias, pH 7-7,5 e na presença de 2-8 % NaCl. O método de isolamento foi diluição seriada dos cultivos até a obtenção de culturas homogêneas quanto à morfologia, examinada através da técnica de coloração de Gram e microscopia em contraste de fase. Para cada um dos isolados foi feita extração de DNA e amplificação do fragmento do gene 16SrRNA com os primers 1100F- 1400R. A presença de pigmento vermelho foi característica nas culturas em meio HM enquanto nas culturas em meio extrato de solo foi observada a formação de biolfilme cor branca. A análise microscópica das culturas revelou a predominância de bacilos apresentando coloração gram positiva, de tamanho variando entre 3,5-4,0 μm em meio HM e 1,5-2,0 μm em meio extrato de solo. Análises filogenéticas baseadas na comparação de sequências do gene 16S rRNA indicam que os isolados, nos dois meios, foram agrupados no cluster constituído por espécies de Haloferax, mas o baixo índice de similaridade (93% com sequências de Haloferax sp) pode indicar que os isolados pertencem a um grupo distinto de arqueias halofílicas. Novas análises estão sendo feitas para confirmar os resultados obtidos.