Resumo

Os biossurfactantes são compostos anfifílicos que têm propriedades de reduzir a tensão superficial e interfacial, aumentando a solubilidade e a biodegradação de compostos hidrofóbicos. Neste trabalho foi investigada a produção de biossurfactantes por M. ramosissimus e Mucor circinelloides, na forma micelial. Os fungos foram crescidos em placas de Petri contendo o meio Potato Dextrose Agar, durante 4 dias, a 28°C. Os esporos foram coletados, contados e preparadas suspensões de 10⁷/mL, transferidas para frascos de Erlenmeyer de 500mL, de capacidade, contendo 200mL e YPG (extrato de levedura, peptona e glicose) + óleo de soja pós-fritura (1%) em 150 rpm a 28ºC por 96 horas. O líquido metabólico livre de células foi utilizado para determinar tensão superficial e interfacial, atividade e índice de emulsificação (IE24) e extração do biossurfactante empregando etanol e acetona. A tensão superficial e a interfacial foram medidas em tensiômetro. Os resultados obtidos indicaram para M. ramosissimus: uma redução da tensão superficial da água de 72 para 31,5 mN/m e interfacial de 5,8 mN/m; e para M. circinelloides e redução da tensão superficial da água de 33,7mN/m e interfacial de 3,4mN/m. A atividade e o índice de emulsificação (IE24) foram realizados com os óleos de arroz, dendê, queimado de motor, soja e N-hexadecano. A atividade de emulsificação (U.A.E.) foi de 2,53 para M. circinelloides na presença do N-hexadecano e 2,46 para M. ramosissimus, usando óleo de soja pós-fritura. O índice de emulsificação (IE24), com o M. ramosissimus em óleo queimado de motor é de 48,5% e com o M. circinelloides, na presença de óleo de arroz, 33,0%. O isolamento do biossurfactante foi realizado com dois sistemas de solventes (etanol e acetona). Os resultados demonstraram que ambos os micro-organismos apresentaram rendimentos semelhantes na presença do etanol [0,9 g/L]. No entanto, para acetona resultados distintos foram observados, sendo o rendimento de M. circinelloides (0,895 g/L), e M. ramosissimus apresentou baixo rendimento (0,075 g/L). Os resultados obtidos sugerem o M. ramosissimus como produtor de um biossurfactante promissor, com aplicabilidade em diversos setores industriais.