Resumo

A introdução de micro-organismos em ambientes naturais e em agroecossistemas pode afetar a comunidade microbiana do solo e, consequentemente, os diversos processos ecológicos destes ambientes. Um número expressivo de micoinseticidas e micoacaricidas é utilizado no mundo. No Brasil, Metarhizium anisopliae (Metschnikoff) Sorokin é usado em grande escala para controlar um complexo de espécies de cigarrinhas da cana-de-açúcar e das pastagens. O efeito da introdução de fungos entomopatogênicos na comunidade microbiana do solo é um aspecto ecológico ainda pouco estudado. Com os objetivos de se verificar a persistência de M. anisopliae var. anisopliae URM5951 no solo e o efeito da sua introdução na estrutura da comunidade fúngica, uma suspensão de conídios foi pulverizada na superfície do solo obtido no campo. O experimento foi realizado em vasos, cada um contendo 3 Kg de solo, onde foi introduzida uma plântula de cana-de-açúcar (cultivar RB867515) e mantidos em casa de vegetação. Aos 15, 30, 60 e 90 dias após a aplicação do fungo, amostras de solo foram coletadas para determinação das Unidades Formadoras de Colônias (UFC) e para a extração de DNA. O efeito sobre a estrutura da comunidade fúngica foi analisado pela técnica PCR-DGGE. M. anisopliae var. anisopliae URM5951 apresentou uma redução no número de UFC ao longo do tempo estudado, que variou de 19,49 a 0,23 x 103 UFC g-1 solo. Observou-se uma alta similaridade entre as amostras de solo inoculadas com o fungo e as amostras controle em todos os tempos estudados. O isolado URM5951 apresentou uma persistência até 60 dias e aparentemente não interferiu na comunidade fúngica do solo nas condições ensaiadas, sendo estas características desejáveis em processos de seleção de fungos entomopatogênicos. Estes resultados reforçam a importância da utilização de fungos entomopatogênicos como agentes de controle biológico de insetos e oferecem um suporte para a avaliação do risco de sua introdução em agroecossistemas.