Resumo

A incidência de infecções sistêmicas causadas fungos tem aumentado dramaticamente nos últimos anos. Candida spp. são associadas a cerca de 80% das infecções fúngicas nosocomiais e a principal causa de fungemia, com altas taxas de mortalidade. Materiais e métodos: Foram utilizados 96 camundongos machos (Mus musculus), divididos randomicamente em quatro grupos (n=24/ grupo) de acordo com a espécie a ser avaliada: C. albicans, C. dubliniensis, C. tropicalis e C. glabrata. Os animais foram inicialmente anestesiados e inoculados por via intravenosa com 2,0 x 10⁶ células por animal da suspensão padronizada de cada uma das cinco cepas clínicas isoladas de infecção sistêmica de C. albicans, C. dubliniensis, C. tropicalis ou C. glabrata. Após um período de 6 horas, 7, 14 e 21 dias da inoculação, grupos de seis animais foram sacrificados utilizando-se dose letal de anestésico. A seguir, foram removidos de cada animal os seguintes órgãos: fígado, baço, rins, pulmões e cérebro para processamento. Suspensões resultantes deste processamento foram plaqueadas em ágar Sabouraud com cloranfenicol e obtiveram-se contagens das unidades formadoras de colônia por grama do órgão (UFC/g órgão). Os dados foram analisados com auxílio do programa GraphPad Prism versão 3.02, com nível de significância 5%. Resultados e discussão: Comparando-se os órgãos e os grupos experimentais estudados, observou-se que em nenhum houve clearance das células fúngicas, tendo-se em vista que nos períodos experimentais, valores de UFC/g sempre foram diferentes de zero. Os maiores índices de UFC/g no fígado, baço e pulmões dos animais foram observados para C. glabrata, destacando-se em relação às demais espécies. Com relação ao cérebro, o índice de UFC/g apresentou-se bastante reduzido durante os períodos experimentais, com exceção dos animais infectados com C. tropicalis, espécie com prevalência relevante no referido órgão. Estudos anteriores relatam que C. albicans apresenta maior prevalência e virulência em infecções sistêmicas. Contudo, os dados obtidos no presente estudo reiteram o potencial patogênico das espécies não-abicans que apresentaram elevadas contagens nos órgãos avaliados. Conclusão: Com base nos dados obtidos, pode-se concluir que as espécies de Candida avaliadas apresentaram diferentes cinéticas de infecção, destacando-se o elevado potencial patogênico de espécies não-albicans. Agência de Fomento: FAPESP.