Resumo

A cadeia produtiva do leite é um importante setor do agronegócio brasileiro e o aumento de sua produtividade está diretamente relacionado à sanidade do rebanho. Falhas no manejo durante a ordenha podem predispor à circulação de patógenos causadores de enfermidades entre os animais, podendo os mesmos ser veiculados aos seres humanos, o que implica risco à saúde pública. Staphylococcus aureus é um dos principais causadores de mastite em bovinos, geralmente manifestando-se de forma sub-clínica, com grande capacidade de disseminação no rebanho, evento favorecido pela colonização prolongada da glândula mamária e tratamento inadequado das infecções. O objetivo deste estudo foi verificar a permanência, ao longo do tempo, de grupos clonais de S. aureus na glândula mamária de bovinos. Foram analisadas 136 cepas de S. aureus isolados de leite bovino proveniente de 21 propriedades localizadas no Vale do Taquari, as quais foram visitadas quatro vezes, em intervalo semestral. Para identificação de grupos clonais, utilizou-se a técnica de macrorestrição do DNA total, por meio da clivagem com a enzima SmaI, seguida da separação dos fragmentos por eletroforese de campo pulsado (Pulsed Field Gel Electrophoresis - PFGE). Das 21 propriedades visitadas, cinco apresentaram isolamento de S. aureus nas quatro coletas realizadas, três propriedades apresentaram isolamento em três coletas e seis propriedades em duas coletas. Em uma análise preliminar, verificou-se a presença de 32 pulsotipos de S. aureus. Desses, dez pulsotipos estavam presentes em propriedades distintas, o que pode indicar a presença de linhagens endêmicas que circulam na região amostrada. Oito entre as 14 propriedades com isolamento de S. aureus em mais de uma visita apresentaram a presença de pulsotipos comuns em pelo menos duas coletas. Apesar de haver uma variação nas linhagens de S. aureus isolados ao longo do tempo nas propriedades, identifica-se a existência de grupos clonais disseminados na região e que persistem na glândula mamária de bovinos.