Resumo

Introdução:Há apenas um relato da detecção de AmpC plasmidial em E. coli no Brasil. A análise do perfil de sensibilidade de E. coli isoladas de amostras de pacientes da comunidade e hospitalizados, em instituições privadas da cidade de São Paulo, no período de 2006 à 2010, evidenciou um aumento sustentado da frequência de E coli resistente à cefoxitina, um marcador para expressão de AmpC plasmidial nesse gênero. Enquanto nos anos de 2006 e 2007 a frequencia foi de 0,03%, em 2008,2009 e 2010 foi de 0,35%, 0,70% e 0,65% respectivamente. Uma vez que não houve mudança metodológica, uma das hipóteses para esse aumento é a disseminação de clones ou de genes localizados em transposons ou integrons e transferidos em plasmídeos, como tem sido observado com KPC. Material e Métodos:Em janeiro de 2012 todas as E. coli isoladas de culturas de urina de pacientes internados ou ambulatoriais, com sensibilidade intermediária ou resistência à cefoxitina pelo sistema Vitek2 utilizando-se o cartão AST-N104 foram selecionadas para o estudo. Todos os isolados foram verificados quanto à pureza e identificação da espécie. A expressão de AmpC foi avaliada utilizando-se o método de Kirby-Bauer com discos de ceftazidima e cefoxitina adicionados de 400 microgramas de ácido fenilborônico (AFB) e discos apenas com esses antimicrobianos. Foram considerados produtores de AmpC plasmidial os isolados cuja diferença entre os halos de inibição após adição do AFB foi igual ou maior que 5 mm para pelo menos um dos substratos. As cepas E.coli ATCC 25922 e E. coli SP-CMY-2 foram utilizadas como controles negativo e positivo respectivamente. Resultados e discussão:Foram detectados 112 isolados com sensibilidade intermediária ou resistentes à cefoxitina.65,17% dos isolados apresentaram sensibilidade intermediária ou resistência à cefoxitina. 7,14% dos isolados apresentaram diferença de no mínimo 5 mm de diâmetro no halo após a adição de AFB para apenas cefoxitina, enquanto 7,14% apresentaram diferença apenas para ceftazidima e 23,21% apresentaram diferença para os dois antibióticos testados. 27,67% não apresentaram diferença no diâmetro. Conclusão:Contrastando com essa escassez de dados publicados no Brasil, o trabalho evidencia que dos isolados de E. coli que apresentam sensibilidade intermediária ou resistência à cefoxitina, 23,21% à 37,49% podem produzir AmpC codificadas por plasmídeos.