Resumo

O milho tem alto impacto econômico na agricultura brasileira em função de sua extensa cadeia produtiva. As folhas representam uma das interfaces mais dinâmicas das plantas. Fungos que habitam este tecido compartilham características que permitem a eles, crescer e persistir em um ambiente em constante mudança bioquímica, que se deve principalmente às diversas fases de desenvolvimento da planta. O mutualismo de plantas e fungos endofíticos leva a consequências desejadas, como a diminuição da herbivoria, aumento da resistência à seca, promoção de crescimento vegetal e controle de insetos e fungos fitopatogênicos. No entanto, os fungos também são os principais microrganismos causadores de perdas de produtividade na cultura do milho, ocasionando o apodrecimento da semente, morte da plântula e danos no período de armazenagem dos grãos. Além disso, as sementes contaminadas quando ingeridas, podem levar a intoxicações graves. Objetivou-se realizar um levantamento dos fungos associados a folhas de duas linhagens de milho e analisar a diversidade da microflora presente. Os isolados foram identificados por meio de caracterização morfológica. Obtiveram-se 27 fungos, 15 deles provenientes da linhagem 1 de milho, onde predominaram indivíduos da classe Dothideomycetes com 86,7% (P. sorghina, E. nigrum, Cladosporium sp., Bipolaris zeicola., complexo A. alternata-AAC) e 13,3% de Sordariomycetes (Phomopsis sp. e Nigrospora sp.); para a linhagem 2 a proporção das ordens foi inversa, 25,0% de Dothideomycetes (E. nigrum e Pleosporales) e 75,0% de Sordariomycetes (complexo G. fujikuroi-GFC, complexo F. graminearum-FgC, Phomopsis sp. e Nigrospora sp.). Este estudo possibilitou identificar fungos de grupos saprófitas, micotóxicos e fitopatogênicos co-habitando tecidos foliares de milho e de maneira diferencial para as duas linhagens avaliadas.