Resumo

Fungos endofíticos são aqueles que, pelo menos durante parte do ciclo de vida, habitam tecidos vegetais vivos sem causar sintomas aparentes de doença ou efeitos negativos ao hospedeiro. Estudos relatam que vegetais são colonizados por dezenas de endofíticos, mostrando a sua importância na estimativa da diversidade fúngica, na descoberta de novos táxons e na distribuição geográfica das espécies. A espécie Melocactus ernestii (Vaupel), pertencente à família Cactaceae, é endêmica do Brasil, com área de ocorrência na Caatinga e em brejos de altitude. Este trabalho teve como objetivo caracterizar a diversidade da comunidade endofítica da raiz, cladódio e espinho de uma população de M. ernestii localizada no município de Pedra Azul (Minas Gerais) por meio do sequênciamento da região transcrita interna (ITS) do rDNA. Neste estudo foram obtidos 87 morfotipos, sendo que 67 com apenas um isolado (singletons). De acordo com os resultados parciais, foram detectados três endofíticos pertencentes à Basidiomycota, todos representantes da classe Agaricomycetes: Geastraceae sp. (Geastrales) e Corticiaceae sp. (Corticiales) presentes na raiz e Ceratobasidium sp. (Cantharellales) encontrado na raiz e espinho. E os demais táxons foram incluídos no filo Ascomycota e subfilo Pezizomycotina com cinco classes: Sordariomycetes com a maior riqueza (R), 55,56 %, e frequência (F), 51,35 %, Dothideomycetes (R = 33,33 % e F = 40,54 %), Eurotiomycetes (R = 5,41 % e F = 2,70 %) e Leotiomycetes e Lecanoromycetes com R = 33,33 % e F = 40,54 %. Os táxons mais abundantes na raiz foram Fusarium solani (14,5%), F. oxysporum (10,5%) e Phialocephala fluminis (10,5%) e no espinho Preussia sp. (16,7%) e Nigrospora sp. (12,5%). Na comunidade do cladódio não houve ocorrência de espécies dominantes. Apenas as espécies Nigrospora sp., NPreussia sp. e Preussia minima co-ocorreram entre as três partes da planta. Estes resultados demonstram elevada diversidade diferencial entre as partes da planta e possível estratificação na comunidade endofítica.