Resumo

As transglutaminases (EC 2.3.2.13) ou TGases são enzimas transferases capazes de catalisar reações do tipo acil-transferência entre grupos γ-carboxiamida de resíduos de glutamina e grupos aminas. As TGases têm grande importância na indústria alimentícia por causarem um efeito polimerizante em alimentos ricos em proteína originando mudanças físicas desejáveis na sua estrutura podendo ser utilizadas tanto no tratamento quanto no aproveitamento de resíduos proteicos. Neste trabalho visou-se selecionar linhagens com potencial para produção TGases por fermentação submersa, a partir de 120 linhagens de bactérias e actinomicetos do Banco de Culturas do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes da UFRJ. As linhagens foram mantidas em glicerol a -18oC até reativação para os testes. As linhagens reativadas foram inoculadas, com o auxílio de alça de níquel-cromo, em frascos Erlenmeyer de 50 mL na proporção de 1 alçada para cada 15 mL de meio de cultivo específico para a produção das enzimas. Os frascos foram incubados a 30ºC sob agitação de 180 rpm. Após 10 dias de fermentação somente aquelas codificadas como 594, Cel-43, CG-08, FOP-33, P19 e V02, todas de actinomicetos, apresentaram os melhores desempenhos e produziram entre 10 e 340 U/L. Estes valores, embora inferiores aos da literatura, foram considerados promissores e estimularam a continuação dos estudos. O perfil cinético da produção de TGase pelas seis linhagens selecionadas foi estabelecido ao longo de 168 horas de fermentação, com amostragem a cada 24 h. Foram inoculados 10⁷ esporos/mL por 75 mL de meio de cultivo em frasco de Erlenmeyer de 250 mL nas mesmas condições de incubação do teste anterior. Observou-se que a cepa V02 produziu, em 72 horas (140 U/L), atividade duas vezes maior do que as demais em 120 horas de processo. Esta linhagem foi classificada como Streptosporangium roseum, uma espécie ainda pouco citada na literatura por sua capacidade de produção de TGase. Além disso, foi realizada a caracterização genética dessa linhagem pela técnica PCR-RAPD usando o primer OPW4, o que facilitará, futuramente, a avaliação da sua estabilidade genética.