Resumo

A utilização da vacina pneumocócica pode afetar a distribuição dos sorotipos de S. pneumoniae associados as doenças invasivas. Além disso, fatores como região geográfica e idade também tem impacto importante na relação dos sorotipos com a doença. Considerando que diferentes sorotipos podem apresentar características peculiares de virulência e resistência, o conhecimento dos sorotipos envolvidos nas doenças pneumocócicas reveste-se de particular importância. O objetivo desse trabalho foi avaliar a distribuição dos sorotipos de pneumococos em casos de meningites no Estado do Rio Grande do Sul, entre 1999 e 2011. Foram avaliadas 200 S. pneumoniae, isolados de líquor. As amostras foram identificadas empregando-se testes fenotípicos convencionais e submetidas à sorotipagem por PCR multiplex e/ou métodos sorológicos. Em relação à idade, 39,5% dos pacientes tinham entre 18 e 64 anos; 31% tinham menos de 2 anos; 15,5% tinham entre 2 e 17 anos e 7% deles tinham 65 anos ou mais. Em 7% dos casos, a idade dos pacientes não foi esclarecida. A maioria das amostras era proveniente de Porto Alegre ou região metropolitana (73%). Os sorotipos predominantes foram 14 (17,5%), 23F (7,5%), 3 (7%), 6B (6%), 18C (5,5%), 4 (5%) e 10A (4,5%), representando 53% do total, sendo que 52% das meningites foram causadas por sorotipos pertencentes à vacina PCV10. Em pacientes menores de 2 anos, foi observada uma variabilidade menor em relação aos sorotipos, com a prevalência de 14 (43,5%), 6B (14,5%) e 19F (6,4%), constituindo 64,4% dos casos. Nos pacientes entre 2 e 17 anos, os sorotipos 14, 23F e 18C foram os prevalentes, representando 41,9% do total. Entre adultos (18-64 anos), foi observada a maior variabilidade de sorotipos, com a predominância de 3, 23F e 4, representando 26,6% do total. Considerando os pacientes com idade igual ou superior a 65 anos, os sorotipos predominantes [4 (14,3%), 3 (14,3%) e 6A (14,3%)], representaram 42,9% das amostras. Sorotipos incluídos na PCV10 foram associados aos casos de meningite de uma forma inversamente proporcional à idade: 77,4% (< 2 anos); 51,6% (2 a 17 anos), 41,8% (18 a 64 anos) e 28,6% (≥65 anos). O presente estudo contribui com dados importantes para o conhecimento da epidemiologia das doenças pneumocócicas invasivas, que podem servir de base para delinear políticas de saúde pública, como a vacinação, efetivas para as diferentes regiões.