Resumo

Os protozoários são importantes componentes da teia alimentar de ambientes aquáticos e terrestres. Nos ambientes terrestres são vorazes predadores de bactérias e, sendo assim, podem causar grandes alterações nessa comunidade, o que é muito importante para a fertilidade do solo. Considerando que o fogo é um evento comum e freqüente em solos agrícolas e naturais, especialmente no Brasil, este trabalho propôs avaliar seus efeitos sobre a comunidade de protozoários no solo de uma região com vegetação de cerrado (Reserva Legal de Cerrado no município de São Carlos – campus UFSCar - SP). Para isso, foram realizadas 14 coletas entre os meses de agosto de 2011 a maio de 2012 em um local exposto à queimada e um não exposto (controle), sendo estes locais próximos para minimizar a interferência das variáveis climáticas. Para a avaliação da diversidade críptica de protozoários das amostras coletadas foi utilizada a técnica do “Non-Flooded Petri Dish” (placa de Petri umedecida). Em paralelo foi feita a análise de densidade e composição de protozoários ativos no solo utilizando a técnica da contagem em microgotas em microscópio óptico. Nas amostras foram encontradas 101 espécies crípticas. E somente 32 espécies ativas. Em relação à densidade, em nove coletas a quantidade de protozoários presentes na região queimada foi um pouco maior do que a encontrada no controle. Os valores do índice de Jaccard, aplicados nos dados da técnica de placas umedecidas, foram maiores que 0,50 indicando que a região controle é similar à queimada, pois aproximadamente 51,48% das espécies encontradas ocorrem em ambos os locais. Sendo assim, na análise de protozoários ativos, encontramos mais espécies no queimado se comparado com a região controle. E o mesmo em relação ao número de espécies presentes. Na região do queimado foram encontradas 27 espécies presentes e no controle 24, indicando que o fogo pode ter causado um leve enriquecimento do solo proporcionando condições para que protozoários se tornem ativos e se reproduzam. Mostrando também que os cistos são resistentes ao fogo, pois nas coletas iniciais o fogo causou uma redução da densidade e possível encistamento dos protozoários na região queimada.