XXI ALAM
Resumo:1490-3


Poster (Painel)
1490-3Alterações na comunidade de bactérias da esponja cliona varians durante um surto de doenças em recife de coral da costa brasileira
Autores:Gileno Vieira Lacerda Júnior (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Flamélia Carla Silva Oliveira (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Sanderson Tarciso Pereira de Sousa (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Juliano de Carvalho Cury (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Eric de Lima Silva Marques (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Elizabeth Amélia Alves Duarte (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Rachel Passos Rezende (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Joao Carlos Teixeira Dias (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz) ; Julio Cézar de Mattos Cascardo (UESC - Universiidade Estadual de Santa Cruz)

Resumo

Esponjas marinhas (Filo Porífera) são consideradas os animais multicelulares mais simples e primitivos, possuindo importantes funções ecológicas em ecossistemas de recifes de corais, além de serem fonte de numerosos metabólitos com atividades farmacológicas. As esponjas são conhecidas por sua interação com vários tipos de microrganismos, incluindo vírus, bactérias, archaeas, fungos, protozoários e algas unicelulares, que podem compor 40-60% da sua biomassa corporal. Sugere-se que este simbiótico consórcio microbiano seja responsável pela nutrição, fixação de nitrogênio e mecanismos de defesa. Perturbações na integridade desta simbiose estão correlacionadas a fatores ambientais, tais como escoamento urbano/agrícola de esgotos e mudanças climáticas globais, provocando um incremento na virulência de patógenos e desenvolvimento de doenças. Nos últimos anos tem sido relatada uma global ocorrência de doenças em esponjas marinhas nos recifes de corais. O objetivo desse estudo foi examinar a diversidade da comunidade bacteriana associada a indivíduos doentes da espécie Cliona varians, amplamente distribuída no recife de Coroa Vermelha, Santa Cruz de Cabrália, Bahia, Brazil. Para isto foram utilizados métodos moleculares de PCR-DGGE e sequenciamento do rDNA 16S de bactérias a partir do DNA metagenômico extraído de indivíduos sadios e doentes. Verificamos uma alteração na estrutura da comunidade bacteriana em esponjas apresentando a doença. O DGGE apresentou múltiplas bandas exclusivas na esponja doente. Observou-se a predominância de Proteobacéria (84%), e bactérias ainda não caracterizadas (16%) no tecido saudável. Já o tecido doente apresentou maior diversidade, sendo as sequências classificadas em Proteobactérias (58%), Bacteroidetes (22%), Firmicutes (5%) e bactérias ainda não caracterizadas (15%). Um grande acúmulo de bactérias relacionadas a patógenos de corais como Arcobacter spp. e bactérias redutoras de sulfato como Desulfovibrio spp. foram encontradas nas lesões e ausentes nos tecidos saudáveis, sugerindo estas bactérias como possível agente etiológico da doença, causando um desequilíbrio da microbiota simbionte. Este é o primeiro estudo da diversidade bacteriana relacionada a uma doença afetando uma esponja em recifes brasileiros. A elucidação de doenças em esponjas e outros invertebrados marinhos representa um grande avanço para preservação e sustentabilidade dos recursos marinhos como fonte de substâncias bioativas.


Palavras-chave:  Esponjas marinhas, Cliona varians, Diversidade bacteriana, Doenças, Estresse ambiental