Resumo

Moluscos bivalves são muito suscetíveis à contaminação por esgoto, portanto a avaliação da qualidade microbiológica das águas de cultivo e da carne de ostras faz-se muito importante. Um dos principais bioindicadores desta contaminação é a bactéria Escherichia coli. Desse modo, este trabalho objetivou comparar a quantidade destes micro-organismos em ostras de dois pontos (externo e interno) da Baía de Guaratuba, Paraná, em três diferentes tipos de cultivos. Também foram avaliados parâmetros físico-químicos e microbiológicos das águas onde foram cultivadas as ostras. Estas foram mantidas, por um mês, nos três tipos de cultivo: lama, mesas e “long line” (modo mais comum de cultivo). Para as análises microbiológicas foi utilizada a técnica de substrato cromogênico. Encontrou-se uma grande concentração de coliformes totais na água dos dois pontos: externo - 1.482 NMP.100ml^-1 e interno – 4352,18 NMP.100ml^-1, no entanto pequena de E. coli: externo – 59,18 NMP.100ml^-1 e interno – 92,61 NMP.100ml^-1. Os valores mais altos no ponto interno podem ser explicados pelo maior aporte de matéria orgânica e menor salinidade da região. Valores altos de coliformes totais também foram registrados nas ostras de todos os cultivos dos dois pontos (externo e interno, respectivamente): lama (276,07 NMP.g-1/1496,26 NMP.g-1), mesas (540,79 NMP.g^-1/1271,77 NMP.g^-1) e “long line” (498,14 NMP.g^-1/1315 NMP.g^-1). Em função do maior tempo de imersão das ostras houve altas concentrações de E. coli nos cultivos de mesas (118,81 NMP.g^-1/85,41 NMP.g^-1) e “long line”, (498,05 NMP.g^-1/1165,59 NMP.g^-1). No cultivo em lama (menor tempo de imersão) foram verificados níveis baixos de E. coli (3,61 NMP.g^-1/3,78 NMP.g^-1), no entanto maior mortalidade de indivíduos. Portanto, as ostras cultivadas na parte externa da Baía estão menos contaminadas que as da parte interna. Apesar da pesquisa não ter seguido as exigências da Resolução n° 357 do CONAMA há indícios de que as águas na parte externa da Baía são apropriadas para cultivo de moluscos e as águas da parte interna não. Ainda, segundo a Instrução Normativa n° 07 do Ministério da Pesca e Aquicultura, somente as ostras cultivadas na lama (em ambos os cultivos) poderiam ser consumidas cruas e sem prévia depuração. Tais resultados mostram que é extremamente importante analisar tanto as águas de cultivo, quanto a carne das ostras e que a depuração ou cozimento da carne é bastante necessário.