Resumo

A meningite bacteriana está relacionada a complicações tanto imediatas quanto tardias, causando danos irreversíveis no Sistema Nervoso Central ou levando ao óbito. As bactérias de maior interesse epidemiológico, causadoras de meningite são: Neisseria meningitidis(Nm), Streptococcus pneumoniae (Sp) e Haemophilus influenza (Hi). Esses agentes penetram no líquido cefaloraquidiano através da corrente sanguínea, onde são protegidos da fagocitose por possuírem uma cápsula polissacarídica. Podem causar choque e inflamação devido à liberação de endotoxinas ou fragmentos da parede celular, provocando a morte do paciente. Este trabalho objetivou avaliar os óbitos causados por Nm, Sp e Hi investigados no Instituto Adolfo Lutz de Ribeirão Preto (IAL-RP). Realizou-se uma análise retrospectiva dos resultados bacteriológicos obtidos de pacientes suspeitos de meningococcemia e ou choque séptico. As amostras clínicas foram encaminhadas ao IAL-RP, no período de janeiro/2004 a junho/2012. Todos os casos investigados foram provenientes de pessoas atendidas na rede hospitalar ou do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) de Ribeirão Preto e região. As amostras de punção cardíaca, líquor, sangue, urina e/ou líquido pleural, foram analisadas por metodologia convencional. Foram investigados 39 casos de óbitos, sendo que em 64,1% (n=25) isolou-se Nm, Sp e Hi. Entre as Nm o sorogrupo “C” foi predominante (32%), seguido do sorogrupo “B” (12%) e o sorogrupo W125 (8%). Sp foi identificado em 32% dos casos (n=8) e Hi em 12% (n=3) sendo um sorotipo “a” e outro “f”. No total de 8% (n=2) dos casos houve associação entre dois destes agentes. Em 12% (n=3) observou-se diplococos Gram negativo apenas na bacterioscopia, em 28% foram isoladas outras bactérias e 32% dos resultados foram negativos para qualquer agente bacteriano. Quanto ao sexo, 60% eram masculino e 40% feminino. A faixa etária acometida compreendeu de 2 meses a 65 anos, com predominância (52%) entre 2 e 20 anos. Ressaltamos o achado de Hi sorotipo “a” e “f” cuja incidência tem aumentado após a implantação da vacina anti Hi sorotipo “b” em 1999. Nm, Sp e Hi continuam sendo um sério problema em saúde pública onde as ações da Vigilância Epidemiológica no tratamento dos casos, profilaxia dos comunicantes e programa de vacinação, são fundamentais no controle da doença.