Resumo

Biofilmes são constituídos por uma comunidade organizada e estruturada de bactérias capazes de se aderir a uma superfície. Essa adesão dificulta a ação medicamentosa devido a presença de uma matriz exopolissacarídica que circunda a bactéria, agindo como uma barreira frente aos antibióticos. Biofilmes formados por bactérias como Pseudomonas aeruginosa estão entre os principais agravantes em quadros de infecção. Clinicamente podem estar aderidos a cateteres, próteses/implantes e presentes em quadros de fibrose cística. Atualmente não existem alternativas terapêuticas para remoção de biofilmes já estabelecidos. Nesse contexto, esse trabalho objetiva buscar metabólitos produzidos por fungos, com potencial de erradicar biofilmes formados por P. aeruginosa. Inicialmente foram isoladas 42 espécies de fungos associados a esponjas marinhas da Costa Sul do Brasil. Os fungos foram cultivados em diferentes meios de cultivo por 21 dias. Após o cultivo, os meios foram filtrados e a atividade erradicadora de biofilme testada frente P. aeruginosa ATCC 27853 utilizando o método de cristal violeta em microplaca. Entre os resultados apresentados, das 42 espécies isoladas, 6 apresentaram atividade erradicadora de biofilme, sendo 1 espécie capaz de erradicar mais de 70% do biofilme. O sequenciamento da espécie mais ativa apontou para o fungo Eutypella leprosa. A concentração mínima para erradicação de biofilme (MBEC) de P. aeruginosa foi 15mg/mL de filtrado. A atividade de erradicação de biofilmes foi consistente em superfície hidrofóbica e hidrofílica utilizando o método de cristal violeta e confirmada através de microscopia eletrônica de varredura. A separação e caracterização do composto bioativo produzido pelo fungo Eutypella leprosa está em andamento. Os resultados comprovam o potencial de erradicar biofilme formado por P. aeruginosa e a possibilidade de encontrarmos metabólitos erradicadores em fungos filamentosos de origem marinha e ainda a possibilidade de desenvolver medicamentos que atuem na erradicação de biofilmes patogênicos.