Resumo

Os resíduos e coprodutos provenientes da industrialização de pescado representam vasta fonte de energia e de nutrientes, que podem ser convertidos em ingredientes para aquicultura e, em geral, para alimentação animal. Uma alternativa de grande potencial é o seu aproveitamento na elaboração de silagem biológica, produto liquefeito pela ação microbiana e de alto valor biológico. O aproveitamento das proteínas da silagem pelos animais depende da sua digestibilidade e composição de aminoácidos, que pode ser diferente, dependendo do tipo de microrganismos utilizado na produção da silagem. Este trabalho objetivou a produção de silagem biológica a partir de carne mecanicamente separada (CMS) de pintado (Pseudoplatystoma spp.), utilizando como fonte de carbono melaço de cana-de-açúcar nas concentrações de 0, 10 e 20%. As bactérias láticas utilizadas foram Lactobacillus sakei NRRL B-1917 e Pediococcus acidilactici NRRL B-14958. Esses cultivos foram realizados em frascos tipo Erlenmeyer a 30°C durante 4 dias. Antes dos cultivos de silagem, os substratos cárneos foram avaliados em três diferentes tratamentos, in natura, pasteurizados (15 min. a 100ºC) e esterilizados (15 min. a 121ºC). Esses tratamentos serviram para avaliar a redução da carga microbiana presente nos substratos. Os meios in natura apresentaram maior contaminação inicial, diferente dos outros tratamentos que não foram obtidas diferenças significativas para a pasteurização e esterilização. Contudo optou-se pela pasteurização, pois não houve alteração das características físicas dos meios (diferentemente da esterilização, que liquefez o substrato cárneo, além de ter caramelizado o melaço de cana-de-açúcar) e pelo custo inferior desta operação. Os resultados indicam que a silagem obtida com P. acidilactici em CMS de pescado sem a adição de fonte de carbono apresenta maior potencial para uso como ração devido à alta concentração destas bactérias no meio e sua prevalência sobre as bactérias mesófilas deteriorantes.