XXI ALAM
Resumo:1323-2


Poster (Painel)
1323-2Micro-organismos adaptados ao frio isolados em área vulcânica do Deserto do Atacama, Chile.
Autores:André Arashiro Pulschen (UFSCAR-ARARAS - Universidade Federal de São Carlos - Campus Araras / IAG-USP - Laboratório de Astrobiologia, Universidade de São Paulo) ; Fabio Rodrigues (IAG-USP - Laboratório de Astrobiologia, Universidade de São Paulo) ; Douglas Galante (IAG-USP - Laboratório de Astrobiologia, Universidade de São Paulo) ; Vivian Helena Pellizari (IO-USP - Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo) ; Rubens Tadeu Delgado Duarte (IO-USP - Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo / IAG-USP - Laboratório de Astrobiologia, Universidade de São Paulo)

Resumo

Micro-organismos adaptados ao frio foram isolados de amostras de solo da encosta do vulcão Sareicabur, localizado no Deserto do Atacama – Chile, em altitudes de 4000 e 5000 metros, em local com grande amplitude térmica e alto fluxo de radiação solar. Esses organismos foram isolados utilizando-se meios de cultura salinos adicionados de Tiosulfato de sódio (Na2S2O3) como fonte energética, visando o isolamento de organismos que oxidam enxofre, sendo que nesse trabalho em específico, focou-se naqueles organismos capazes de crescerem a baixa temperatura (4°C ou 0°C). Cerca de 2 gramas das amostras de solo foram colocadas em 50 mL de meio Tiosulfato, em pH 3 e pH 6,5, em Erlenmeyers de 125 mL. Os frascos foram incubados em shaker a 140 rpm e 4°C por 24h no escuro. Após esse período, um volume de 10 uL foi retirado do frasco e depositado sobre meios tiosulfato sólidos com o respectivo pH da cultura líquida, e incubados a 4°C até observar o crescimento de colônias. A metodologia permitiu o isolamento de micro-organismos capazes de crescerem em meio de enxofre e baixas temperaturas, destacando-se uma bactéria da amostra de 4000 m (isolado A16-1-T), de coloração amarela intensa e que apresentou crescimento em pH 6,5. Todavia, isolou-se também com essa metodologia duas possíveis leveduras, as quais cresceram em pH 3, sendo uma da amostra a 4000m (isolado A16-LV1) e a outra da amostra a 5000m (isolado A13-LV1). A capacidade destes organismos em estar utilizando o enxofre como fonte energética deve ser avaliado com cautela, uma vez que não é um metabolismo comum para leveduras. Entretanto, os isolados não apresentaram crescimento quando foram transferidos para os meios de cultura composto por sais e ágar, isto é, quando o enxofre é removido. Todos os isolados estão sendo testados quanto a sua resistência a radiação, dissecação e ciclos de congelamento e descongelamento, condições naturais existentes na região em que foram isolados. Testes preliminares indicaram que a levedura A16-LV1 é resistente a radiação, apresentando crescimento após uma dose de 900J de radiação UVC e sobrevivência até doses de 1500J de UVC, apesar do número de células viáveis ter decaído drasticamente nessa ultima dose. Além da caracterização quanto a resistência aos parâmetros citados acima, os isolados estão em processo de identificação molecular através do sequenciamento do gene RNAr 16S (para bactéria) ou região intergênica ITS (para as leveduras). Os resultados deste trabalho são importantes para caracterizar a ecologia e fisiologia de micro-organismos em ambientes extremos, tais como as condições encontradas na encosta do vulcão Sareicabur, com pouca disponibilidade de nutrientes e estresses ambientais.


Palavras-chave:  Atacama, Enxofre, Extremófilos, Radiação UVC