Resumo

As infecções endodônticas em dentes decíduos com necrose pulpar e periodontite apical são de natureza polimicrobiana com predomínio de bactérias anaeróbias. O principal fator relacionado com a ineficiência do tratamento endodôntico, em alguns casos, se deve a persistência de microrganismos no sistema de canais radiculares, que depende da disponibilidade de nutrientes, da patogenicidade bacteriana, de estar em quantidade suficiente e de ter acesso aos tecidos periapicais, bem como, a capacidade de formação de biofilmes pela bactéria. Considerando que as bactérias planctônicas apresentam maior sensibilidade, as bactérias formadoras de biofilme representam um importante desafio no combate às doenças endodônticas devido a resistência aos agentes antimicrobianos. Na busca de compostos biologicamente ativos baseados em produtos naturais para o tratamento de infecções endodônticas, destaca-se a planta Copaifera langsdorffii pela produção de óleo-resina, fonte natural e abundante de diterpenos que possuem atividades biológicas bem significativas, com grande potencial antimicrobiano. O objetivo deste estudo foi avaliar in vitro a atividade antibiofilme da substância (-)-ácido copálico (AC), diterpeno isolado do óleo-resina da C. langsdorffii frente a bactéria anaeróbia bucal Porphyromonas gingivalis. Para o ensaio da atividade antibiofilme do AC frente a P. gingivalis (ATCC), foi realizada a Concentração Inibitória Mínima do Biofilme (CIMB₅₀) avaliada em concentrações de 0,98 a 2000 μg/mL. Concomitantemente para mesmo ensaio, também foi testado o diidrocloridrato de clorexidina como o controle positivo, avaliado nas concentrações de 0,1 a 59 μg/mL. Para a quantificação dos biofilmes que foram previamente preparados e corados, foi utilizada a espectrofotometria por densidade óptica (D.O.) a 595 nm. A CIMB₅₀ foi determinada pela menor concentração do agente antibacteriano que apresentou 50 % ou mais de inibição na formação do biofilme. A atividade antibiofilme do AC apresentou um resultado significativo com valor de CIMB₅₀ de 3,9 μg/mL, enquanto o controle positivo mostrou-se menos efetivo que a substância testada, obtendo o valor de 14,7 μg/mL. Portanto, o AC foi capaz de inibir efetivamente a formação de biofilme da bactéria P. gingivalis, tornando-se uma biomolécula promissora na produção de novas alternativas terapêuticas no combate de infecções endodônticas.