Resumo

Na busca de soluções para eliminação dos resíduos tóxicos industriais, entre eles os hidrocarbonetos do petróleo, a biorremediação vem se apresentando como uma técnica segura para o ambiente. Nesse contexto, nosso trabalho tem como objetivo identificar FMAs associados às raízes de plantas psamófilas de restinga e o potencial rizorremediador desses fungos. Os glomerosporos de FMAs foram extraídos de amostras de Neossolo Quartzarênico distrófico (por decantação e peneiramento úmido) coletado na restinga de Arraial do Cabo, RJ, e o seu isolamento foi realizado em placa canaletada e lupa estereoscópica. A identificação dos esporos foi feita através do acesso à Coleção Internacional de Cultura de FMAs (INVAM) e literatura especializada. O bioensaio foi realizado em câmara B.O.D. com fotoperíodo para avaliar os efeitos de tolueno no crescimento e na colonização micorrízica de Brachiaria decumbens durante 30 dias. O delineamento experimental foi desenvolvido com o vegetal(V) na presença ou ausência de propágulos de FMAs: esporos(E) e fragmentos de raízes de Remirea maritima micorrizados(M); 153µl de tolueno(H₁) e 4,7ml de tolueno(H₂), em grupos experimentais com n=5. Em resultados preliminares, após extração e isolamento dos glomerosporos, foi observada a presença dos gêneros Acaulospora e Glomus, indicados como degradadores de hidrocarbonetos do petróleo. A germinação de B. decumbens na presença de FMAs autóctones da restinga e de tolueno não sofreu interferência, constatando-se, em média, 62,8% de viabilidade das sementes. Também foi observado que os maiores percentuais de sobrevivência do vegetal foram encontrados nos tratamentos com FMAs e com maior concentração de tolueno: VMH₂(68,5%) e VEH₂(70,1%), indicando um provável estímulo do fungo ao vegetal na presença de tolueno. V e VH obtiveram os menores percentuais de sobrevivência, indicando a capacidade do fungo em contribuir positivamente na relação simbiótica. Os percentuais de sobrevivência sugerem uma influência crescente do hidrocarboneto sobre os vegetais inoculados com FMAs (VMH₂ e VEH₂) quando comparados com os demais que receberam menor concentração de tolueno: VH₁ (28,7%), VMH₁ (32,1%) e VEH₁ (42,6%), ou que não receberam doses do poluente V(26,5%) e VE(28,7%), inferindo-se que os FMAs foram fundamentais para a sobrevivência dos vegetais na presença do contaminante em solo distrófico.