Resumo

Dentre as seis espécies do gênero Listeria, a única patogênica transmitida por alimentos é a Listeria monocytogenes (L. monocytogenes), microrganismo psicrotrófico causador da listeriose, doença severa com altas taxas de mortalidade. De grande preocupação para a indústria alimentícia, esta bactéria pode ser encontrada em diversas superfícies de plantas processadoras de alimentos, sendo capaz de se aderir e formar persistentes biofilmes em uma variedade de materiais sólidos, tais como aço inoxidável, vidro e polímeros. Baseado nessas informações, o presente trabalho estudou diferentes níveis de concentração de glicose e tempo de cultivo, através de um planejamento experimental, utilizando a Metodologia de Superfície de Resposta (MSR), tendo como resposta a formação de biofilme pela cepa de L. monocytogenes estudada, isolada de queijo, com o uso do software Statistica versão 7.0 (StatSoft). Para este experimento de dois fatores, foi realizado um planejamento experimental em estrela baseado em um experimento fatorial completo 2², que consistiu em quatro pontos, com três repetições no ponto central e quatro pontos em estrela, totalizando 11 diferentes tratamentos. Corpos de prova de aço inoxidável AISI 316, esterilizados previamente, foram imersos em suspensões bacterianas contendo diferentes concentrações de glicose, onde ficaram incubados por diferentes tempos em três diferentes temperaturas: 7°C, 25°C e 37°C. Os resultados demonstraram que as duas variáveis testadas no planejamento experimental, para os intervalos estudados, foram significativas na formação de biofilme, na temperatura de 37°C. Através de análise da Superfície de Resposta gerada observou-se que, tanto menores concentrações de glicose combinadas com tempos de cultivo maiores, como maiores concentrações de glicose combinadas com tempos de cultivo menores, geraram uma maior formação de biofilme. Sabe-se que fatores ambientais, como temperatura, presença de nutrientes, pH, concentração de sal e açúcar, são importantes na adesão e formação de biofilmes microbianos, e diversos estudos já demonstraram a formação de biofilmes mais densos por cepas de L. monocytogenes a 37°C, em meio de cultivo suplementado com glicose. Desta forma, este pode ser um indício para a necessidade de menor tempo, na presença de glicose, para a formação de biofilme, assim como foi observado nesse trabalho.