Resumo

A criptococose é a quarta causa mais frequente de infecção oportunista em pacientes com AIDS no Brasil e dentre as infecções fúngicas, é uma das principais responsáveis pela alta morbidade e mortalidade destes pacientes. Diante do reconhecimento da importância destes microrganismos, há um crescente interesse no desenvolvimento de pesquisas que possam levar a uma melhor compreensão de sua epidemiologia, estrutura e evolução. Vale ressaltar que um correto isolamento e identificação contribui para um melhor detalhamento posterior destas leveduras, seja em experimentos que estudam os fatores relacionados à sua virulência, em estudos de sensibilidade a antifúngicos ou mesmo em caracterizações moleculares. Cepas clínicas (40) e ambientais (44) pertencentes ao acervo de amostras do Laboratório de Leveduras Patogênicas do ICB-USP, foram reidentificadas para diferenciação das mesmas em Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. Das cepas clínicas, 10% dos isolados foram identificados como C. gattii e 90% como C. neoformans. Já dentre as cepas ambientais, a porcentagem foi de 4,5% para C. gattii e 95,5% para C. neoformans. Nossos resultados corroboram com os da literatura científica, que apontam a espécie C. neoformans como mais prevalente do que a de C. gattii, tanto em isolados ambientais como em isolados clínicos. Cuidados como a observação de crescimento das leveduras em temperatura de 37ºC; estudo da assimilação e fermentação de açúcares por estas leveduras; testes para verificação da produção de urease; quimiotipagem em meio CGB como discriminação inicial entre as espécies de Cryptococcus spp.; observação microscópica das leveduras e verificação da presença de cápsula polissacarídica; auxiliam na correta identificação deste patógeno, para que posteriormente se possa atender à demanda de estudos deste complexo que é crescente, pois é necessário o desenvolvimento de mecanismos de prevenção apropriados e estratégias terapêuticas para a criptococose que sejam capazes de diminuir em número os casos esta patogenia. Conclui-se que a diminuição de erros na identificação além de permitir a ausência de interferentes em processos posteriores, auxilia numa eficiência discriminatória de fenótipos.