Resumo

Biofilmes microbianos formados em resfriadores de leite in natura podem representar uma perene fonte de contaminação da matéria-prima já em nível de propriedade rural, tanto por micro-organismos patogênicos, quanto por deterioradores e/ou suas enzimas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de lipases e proteases em 298 isolados bacterianos oriundos de biofilmes de resfriadores de leite em propriedades rurais do município de Erechim/RS. Após a higienização rotineira dos equipamentos, foram coletadas, com suabe e amostrador de 100 cm2, três amostras por resfriador de leite, totalizando 30 amostras. Em seguida à agitação do suabe em tampão fosfato (pH 7,2), foram realizadas diluições seriais em água peptonada (0,1%) e inoculação das células em Ágar Base Pseudomonas, Ágar Cetrimide (ambos para isolamento de Pseudomonas spp.. Incubação em 30°C/48h), Ágar Cereus (isolamento de Bacillus cereus. Incubação em 30°C/48h) e Plate Count Agar (PCA – contagem de micro-organismos mesófilos e psicrotróficos aderidos). A partir de colônias típicas e não típicas dos micro-organismos nos meios de cultura seletivos pesquisados, obteve-se 298 isolados. Para verificar a produção de proteases, estes foram inoculados por picada em ágar leite, com incubação de 48h em 30°C. A presença de halos de degradação representou resultado positivo. Para evidenciar a produção de lipases, os isolados foram inoculados por picada em meio de cultura contendo azeite de oliva e rodamina B, com incubação de 72h em 30°C. A emissão de fluorescência alaranjada em luz U.V. representou resultado positivo. O mesmo foi realizado para os controles positivo e negativo. As contagens obtidas em PCA indicam a presença de biofilmes nos resfriadores de leite. Em relação à produção de proteases e lipases, 63% e 56% dos isolados apresentaram resultado positivo, respectivamente. Os resultados indicam que a maioria dos micro-organismos resistentes ao procedimento de higienização dos resfriadores de leite analisados possui potencial de degradação desta matéria-prima. Sabendo-se que as enzimas pesquisadas podem ser termo-estáveis e permanecer ativas mesmo após o tratamento térmico do leite, torna-se necessária a revisão dos procedimentos adotados para a higienização dos resfriadores e um esforço adicional visando à remoção dos biofilmes formados ou em processo de formação.