Resumo

Candida albicans é a mais prevalente espécie responsável pelas leveduroses, embora infecções por Candida não-C. albicans estejam sendo cada vez mais relatadas. Este trabalho tem como objetivo avaliar a distribuição de espécies de leveduras isoladas de diversos sítios anatômicos identificadas no LMMM. Amostras clínicas foram coletadas de pacientes ambulatoriais, enquanto que cepas de hemocultura foram cedidas por hospitais terciários do RN entre agosto de 2011 a julho de 2012. Realizou-se exame direto a fresco de amostras vaginais, enquanto que as escamas ungueais foram tratadas com KOH a 10%, ambas preparadas entre lâmina e lamínula, observadas através de microscopia óptica. Cepas oriundas de sangue foram obtidas a partir de frascos de hemoculturas (Bactec). A identificação taxonômica foi realizada utilizando-se CHROMAGAR Candida®, prova do microcultivo em ágar fubá + tween 80, bem como testes bioquímicos e fisiológicos (metodologia clássica) e ID32 C (bioMérrieux®), quando necessário. Realizou-se a triagem deC. dubliniensis através das provas de crescimento a 42°C e em caldo Sabouraud hipertônico. Foram identificadas 50 leveduras dos diversos sítios anatômicos. Dentre os isolados obtidos a partir de amostras de secreção vaginal, 88% corresponderam a C. albicans (30 isolados), 6% a C. kefyr (2 isolados), 3% a C. parapsilosis (1 isolado) e 3% C. krusei (1 isolado). Nos casos de onicomicose, 50% eram C. parapsilosis (2 isolados), 25% C. albicans (1 isolado) e 25% de Trichosporon sp (1 isolado). Dentre os isolados de corrente sanguínea, 33,3% eram C. albicans (4 isolados), 33,3% C. parapsilosis (4 isolados ) e 33,3% C. tropicalis (4 isolados). Dentre as amostras de secreção vaginal, C. albicans foi a espécie mais prevalente, ressaltando a provável aquisição endógena desta espécie da microbiota vaginal. Nos casos de onicomicose, C. parapsilosis foi a espécie mais frequentemente isolada. Destaca-se o alto número de isolamento de espécies de Candida não-C. albicans nos isolados obtidos a partir de hemoculturas e de outras amostras clínicas, contrariando a maioria das casuísticas mundiais, onde C. albicans é a espécie mais prevalente. Interessantemente, nenhum isolado de C. glabrata foi isolado do sangue (nem dos demais sítios anatômicos), reforçando a ideia da alta prevalência de C. parapsilosis eC. tropicalis nos estudos de candidemia da América Latina.