Resumo

A criptococose causada por Cryptococcus gattii é uma importante infecção fúngica sistêmica que ocorre, principalmente, em indivíduos imunocompetentes. Para contenção da infecção, os macrófagos atuam como células primárias de defesa e apresentam um papel chave no combate ao fungo. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil fagocítico de macrófagos murinos frente a uma linhagem de C. gattii. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em experimentação animal da UFMG. Os macrófagos intraperitoneais de camundongos C57BL/6 foram obtidos, após estímulo com tioglicolato, e suspensos na ordem de alcançar 2 x10⁵ células em meio RPMI + soro fetal bovino (10%). Para infecção dos macrófagos, estes foram cocultivados com uma suspensão de C. gattii (6 x 10⁴ UFC/ mL), previamente opsonizado com soro murino. Para avaliar a cinética de interação, o índice fagocítico foi determinado após 2, 6, 12 e 24 horas de incubação (37°C e 5% CO₂). O sobrenadante da cultura foi utilizado para quantificação de óxido nítrico pela reação de Griess. A contagem dos macrófagos foi realizada por meio de microscopia óptica e a capacidade fagocítica foi expressa pelo percentual de macrófagos fagocitados. Observou-se que o índice fagocítico foi crescente no decorrer do período analisado e estabilizou a partir de 12 horas de infecção, alcançando um valor de 62%, com diferenças estatisticamente significativas, exceto, entre os intervalos de 2 e 6 horas e de 12 e 24 horas. A produção de óxido nítrico foi estatisticamente significativa com 24 horas de infecção. Estes resultados sugerem a necessidade de investigar a atividade fagocítica dos macrófagos, devido à sua importância no combate às infecções fúngicas, em especial à criptococose causada por C. gattii, uma vez que o sucesso da eliminação do micro-organismo depende da ação conjunta das células do sistema fagocitário.