Resumo

Apesar dos grandes avanços para melhorar as características das variedades de cana-de-açúcar, pouco se sabe sobre o impacto da qualidade do caldo no processo de fermentação industrial, mais especificamente, no metabolismo fermentativo da levedura. Através de análises de correlação da capacidade fermentativa da biomassa (Saccharomyces cerevisiae – JP1), com a capacidade fermentescível do mosto de alimentação das destilarias e a composição nutricional dos mostos de alimentação na qual a biomassa foi submetida ao longo da safra 2009/2010, foi possível identificar influência da composição físico-química do mosto de alimentação no rendimento fermentativo. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da composição mineral do mosto de fermentação no desempenho fermentativo das células de S. cerevisiae, utilizando as concentrações de minerais encontradas nos caldos de cana-de-açúcar de destilarias do nordeste brasileiro. Para isso, foi analisado a viabilidade celular, o consumo dos açúcares, a produção e rendimento de etanol e o efeito dos reciclos fermentativos nos parâmetros analisados. As fermentações foram conduzidas em batelada simples, a 33ºC, em condição estática, durante 6 horas. O meio de fermentação utilizado foi o YNB (sem aminoácidos e sulfato de amônio) com adição dos minerais avaliados numa concentração de açúcar inicial de 160 g/l de sacarose. A levedura utilizada foi à linhagem industrial JP1 (S. cerevisiae) numa concentração de 10⁸ cel/ml. Os resultados foram submetidos a analises de ANOVA e ao teste de Tukey (5% de probabilidade). Dentre os minerais avaliados, todos os meios suplementados apresentaram um resultado superior ao meio padrão (meio controle), exceto o meio com cobre. Os meios com maior influência no rendimento em etanol foram os meios com uréia, magnésio e manganês que apresentaram um aumento de 18,4% em relação ao meio padrão. O meio com cobre apresentou o menor valor em comparação a todos o meios analisados, contudo, sem diferenciar na viabilidade celular. O meio com uréia apresentou o maior aumento na produção de etanol ao longo dos reciclos. Esses resultados sugerem que de fato os minerais desempenham importantes papeis no metabolismo fermentativo das células de S. cerevisiae e que determinados minerais como nitrogênio na forma de uréia, magnésio e manganês são mais significativos para o aumento do rendimento em etanol.