Resumo

Yarrowia lipolytica é um fungo hemiascomiceto não patogênico, espécies dentre as chamadas leveduras “não-convencionais”, cuja pesquisa está em plena ascensão. Este fungo apresenta as formas morfológicas de levedura, pseudohifa e hifa. Y. lipolytica foi originalmente classificada como Candida lipolytica e é considerada um modelo alternativo para estudos de fatores de patogenicidade e virulência de Candida albicans cuja virulência esta intimamente ligada a transição levedura-hifa. Y. lipolytica além da via respiratória mitocondrial convencional (complexos I, II, III, IV e F1F0-ATP sintase), possui vias alternativas que diferente da convencional porque não contribuem para o gradiente eletroquímico da cadeia respiratória mitocondrial. Essas vias alternativas são a oxidase alternativa (AOX) e NADH desidrogenase alternativa (NADH2). As vias alternativas não participam da geração do gradiente de prótons. Ao invés, elas parecem se relacionarem à dissipação de energia, à produção de calor e/ou à prevenção da geração de espécies reativas de oxigênio (ROS). Além do mais, estas vias podem ser alvos de drogas quimioterápicas já que não afetam os complexos respiratórios da via convencionais das células do organismo hospedeiro. O objetivo deste trabalho é caracterizar funcionamento mitocondrial, especificamente a via de oxidase alternativa, em diferentes estágios morfológicos de Y. lipolytica bem como durante transição levedura-hifa. Desta maneira, a cepa JM-12 de Y. lipolytica foi propagada a 30o C no meio rico YED (1% extrato de levedura, 1% glicose) suplementado com uracila, leucina e lisina, a 0,05%, pH 4,5. Análise do crescimento e da transição dimórfica foi dada pela análise microscópica da cultura a cada 4h na presença e ausência de 2 mM de ácido salicil-hidroxâmico (SHAM), um inibidor da AOX. Isolamento de mitocôndria de células na forma levedura e hifa foi efetuado para análise de consumo de oxigênio e capacidade da rota da AOX. Células foram incubadas 2h com a sonda fluorescente 2,7 diacetato diclorofluoresceina (DCF-DA) para marcação de ROS. Dados mostram que 2 mM de SHAM é capaz de inibir a transição levedura-hifa em ± 20% sugerindo a importância da AOX no processo de filamentação. Observamos ainda a produção diferenciada de ROS em hifa e levedura.