XXI ALAM
Resumo:986-1


Prêmio
986-1Aspectos epidemiológicos das micobacterioses pulmonares identificadas no Estado do Pará entre 2010 e 2011
Autores:Ana Roberta Fusco da Costa (IEC/SVS/MS - Instituto Evandro Chagas) ; Joseph O. Falkinham Iii (VPIS - Virginia Polytechnic Institute and State University) ; Jeann Ricardo da Costa Bahia (IEC/SVS/MS - Instituto Evandro Chagas) ; Maria Luiza Lopes (IEC/SVS/MS - Instituto Evandro Chagas) ; Karla Valéria Batista Lima (IEC/SVS/MS - Instituto Evandro Chagas)

Resumo

Introdução: As micobactérias não causadoras de tuberculose (MNT) estão amplamente distribuídas no meio ambiente e podem causar diversos tipos de infecções, coletivamente denominadas micobacterioses. Nos últimos anos, vários estudos sobre prevalência de micobacterioses têm sido publicados. No entanto, o real impacto e a magnitude destas infecções nas áreas endêmicas para tuberculose (TB) são desconhecidos. Este trabalho descreve a ocorrência e a diversidade de MNT em casos de infecções pulmonares no Estado do Pará, Brasil. Material e métodos: Foi realizado um estudo transversal com 39 indivíduos do Estado do Pará com suspeita de micobacteriose pulmonar. As MNT foram isoladas de espécimes clínicos pulmonares e identificadas por sequenciamento do DNAr 16S, ITS1, hsp65 e rpoB, no Instituto Evandro Chagas entre 2010 e 2011. Os dados clínicos-epidemiológicos foram obtidos dos prontuários médicos. As análises estatísticas foram realizadas por testes não paramétricos (Qui-quadrado e Teste G). Resultados: Todos os casos foram encaminhados como suspeitos de TB resistente, e representaram 13,8% (39/281) das culturas BAAR+ nesse período. Um total de 74,3% (29/39) foi classificado como infecção, dos quais oito diferentes espécies foram identificadas: Mycobacterium massiliense (44,8%), M. avium (10,3%), M. intracellulare (10,3%), M. abscessus (6,9%), M. bolletii (3,4%), M. moriokaense (3,4%), M. fortuitum (3,4%), M. celatum (3,4%), M. kansasii (3,4%) e complexo M. simiae (10,3%). A média de idade foi 52,3 anos (± 17,8 DP), sendo 68,9% (20/29) acima de 50 anos. Quando comparado aos casos de TB no Pará nesse período, pôde-se verificar que 72,9% destes ocorreram em indivíduos com idade inferior a 50 anos (X2=26,7; p < 0,0001). As mulheres foram as mais acometidas pelo agravo (72,4%), com média de idade de 50,9 anos (± 18,3 DP; 19-84 anos). Houve diferença estatística na ocorrência de TB e micobacteriose entre homens e mulheres (X2=15,1; p = 0,0002). O tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico de micobacteriose foi de 7,8 meses (± 13,5 DP). A maioria destes indivíduos (75,8%) apresentou história prévia de TB. A co-morbidade mais frequente foi a presença de bronquiectasias (24,1%). Vinte e seis (89,6%) foram classificados como pardos, os quais constituem 69,5% da população do Pará. Aproximadamente 72% (21/29) dos indivíduos foram residentes de área urbana, com 64,2% (18/21) deles tendo acesso ao sistema público de abastecimento de água. Conclusões: As infecções pulmonares por MNT ocorreram com maior frequência entre mulheres, com idade acima de 50 anos, pardos e com história prévia de TB. Diferentemente de outros estados brasileiros, os casos de micobacterioses foram associados a um espectro distinto de MNT, especialmente M. massiliense.


Palavras-chave:  Epidemiologia, Micobacterioses pulmonares, Estado do Pará