Resumo

A Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa considerada um problema global de saúde pública. Seu tratamento deve ser realizado, preferencialmente, em regime ambulatorial, acompanhado pelas unidades básicas de saúde. A hospitalização é indicada somente em casos graves da doença ou naqueles em que a probabilidade de abandono do tratamento é alta, principalmente em virtude das condições sociais do paciente. Este trabalho teve por objetivo determinar o perfil dos pacientes internados com TB no Hospital Nereu Ramos, Referência no Estado de Santa Catarina. Foram coletados dados epidemiológicos e referentes à evolução da doença, de todos os pacientes internados com diagnóstico de TB no período de abril de 2010 a abril de 2011, com base SINAN e em prontuários. A análise dos dados permitiu verificar que os indivíduos eram predominantemente do gênero masculino (60,8%), na faixa etária de 35 a 49 anos, com ensino fundamental incompleto e exercendo ocupações não especializadas. A forma pulmonar foi mais frequente (78,8%), embora a forma extrapulmonar tenha apresentado proporções maiores em relação à população geral (38,7%). Quanto ao tipo de entrada para internação, 44,8% dos pacientes eram casos novos, 30,7% foram encaminhados por transferência da atenção básica, 16% eram reingressos após abandono e 8,5%, casos de recidiva da doença. Os pacientes HIV-soropositivos corresponderam a 58,5% das internações e apresentaram associação significativa com a forma clínica da doença e o tipo de entrada. Outras comorbidades estavam presentes em 60,4% dos casos, sendo o uso de drogas de abuso e álcool as mais frequentes. O tratamento instituído em 82,6% dos pacientes foi o DFC e 5,2% do total de casos corresponderam a TB-MDR. O tempo mediano de internação foi 17 dias e apresentou associação significativa com a presença de comorbidades. A forma mais comum de encerramento dos casos foi a transferência para a atenção básica (71,7%). Óbitos devido à TB ocorreram em 13,2% dos casos, o índice de abandono foi de 5,2% e a alta por cura ocorreu em 1,5%. Poucos estudos têm sido realizados com o objetivo de avaliar o perfil das hospitalizações por TB no Brasil. Entretanto, sua realização tem grande importância para o conhecimento da realidade epidemiológica do serviço, o que possibilita a implantação de estratégias que permitam o atendimento e o apoio adequados à população atendida.