Resumo

INTRODUÇÃO. O Mycobacterium leprae, agente etiológico da hanseníase, não é cultivável em meio axênico. Portanto, a detecção e determinação da viabilidade do M. leprae por métodos moleculares são muito importantes para o monitoramento do avanço da doença em regiões endêmicas. O estado do Ceará ocupa o 10º lugar em coeficiente de detecção geral no país. O presente estudo tem como objetivo avaliar a presença de DNA de M. leprae na secreção nasal de indivíduos hânsenicos e controle saudáveis em Fortaleza, Ceará. MATERIAIS E MÉTODOS. Foram analisadas amostras de muco nasal de 289 pacientes com hanseníase (casos) e virgens de tratamento e 205 pessoas sem hanseníase (controles), que foram atendidas no Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona Libânia (CDERM) no período de novembro de 2008 a dezembro de 2010. Todas as amostras foram submetidas à extração de DNA e em seguida foi realizada a amplificação de ácidos nucleicos por nested PCR da região de 238 pb da sequência RLEP2 do genoma de M. leprae. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. Do total de participantes do grupo caso, 204 (70,6%) foram positivos. No geral, os homens tiveram um maior índice de positividade (54,9%) em relação às mulheres (80%). Os homens tiveram maior frequência de PCR positivo nas faixas etárias de 21 a 30 anos (87,5%), enquanto que para as mulheres as positividades ocorreram com maior frequência entre 11 e 20 anos (73,5%) e 51 e 60 anos (84,6%). A forma clínica multibacilar (MB) foi encontrada em indivíduos 67 (70,5%) do sexo masculino e 40 (60,6%) do sexo feminino (p=0,0118). Entre os 205 indivíduos sem hanseníase, observou-se uma positividade para o DNA de M. leprae na secreção da mucosa nasal de 63,9% (131), sendo a positividade nos homens (66,0%) maior do que nas mulheres (63,3%). Com relação à positividade por sexo e faixa etária, verificou-se que a positividade aumenta entre 21 e 30 anos (25,4%) e gradativamente reduz com a idade. CONCLUSÃO. O estudo indicou a presença de altas taxas de positividade de PCR para detecção de DNA de M. leprae em amostras de secreção nasal entre a população pesquisada. A PCR pode ser utilizada para análises epidemiológicas em comunidades endêmicas onde se observa detecção aumentada do DNA do bacilo na secreção nasal de indivíduos.