Resumo

A mastite é a principal patologia que acomete as cabras leiteiras de raças exóticas no Brasil. Contudo, pouco se sabe sobre a etiologia desta enfermidade em cabras de nativas, especialmente na região Nordeste. Objetivou-se com este estudo pesquisar os agentes causadores de mastite clínica e subclínica em cabras de raças nativas criadas no semi-árido dos estados de Paraíba e Pernambuco, Nordeste do Brasil. Foram coletadas 401 amostras de leite caprino de sete raças nativas (Azul, Canindé, Graúna, Gurguéia, Marota, Moxotó e Repartida) em cinco propriedades. As amostras foram submetidas a análises microbiológicas (plaqueamento em Ágar Base acrescido de sangue ovino a 5%) e incubadas a 37º C por até 72h. As colônias isoladas foram submetidas à técnica de coloração de Gram para estudar as características morfotintoriais dos agentes bacterianos e, posteriormente foram realizadas provas bioquímicas para identificação das bactérias. Observou-se isolamento bacteriano em 9,47% (38/401) das amostras de leite analisadas, sendo o Staphylococcus coagulase negativa, o microrganismo mais comumente identificado estando presente em 57,90% das amostras positivas, seguido por Micrococcus spp. (21,05%), Enterobacter agglomerans (5,27%); Staphylococcus coagulase positiva, Corynebacterium spp., Escherichia coli, Nocardia spp. e Shiguella sonnei que apresentaram frequência de 2,63%. Nas propriedades onde era adotado o sistema semi-intensivo de criação observou-se maior frequência de casos da doença em relação às criações extensivas e a raça Gurguéia apresentou maior frequência de animais positivos (18,42%). Não foram encontrados relatos na literatura nacional de mastite caprina por Nocardia spp, sendo este um relato inédito. Os resultados obtidos neste estudo permitirão a implementação de medidas preventivas que, entre outros, irão promover a preservação e conservação das raças nativas criadas na caatinga.