Resumo

As soluções utilizadas na desinfecção de lentes de contato (LC) são essenciais no controle da proliferação microbiana. Segundo a literatura, há uma grande contaminação de LC por vários micro-organismos (MO), que podem causar a queratite. A bactéria Pseudomonas aeruginosa é a mais encontrada causando esse tipo de infecção em usuários de LC. Fungos também são relacionados à queratite, e a Candida albicans é um deles. Poucos estudos foram realizados objetivando avaliar a eficácia dessas soluções no controle desses MO. Propôs-se, então, a realização do teste de desafio, descrito na Farmacopeia Brasileira, que tem como objetivo avaliar a eficácia de soluções utilizadas na desinfecção de LC. Os meios utilizados foram 4 soluções multiação comerciais, diferentes em sua composição química (designadas A, B, C e D). O peróxido de hidrogênio e o soro fisiológico também foram testados, pois são bastante usados devido ao fácil acesso. O início dos estudos foi feito com Candida albicans, mantida em ágar Sabouraud e repicada para caldo BHI, que após 24h de incubação em estufa bacteriológica a 35 ºC ± 2,5°C foi utilizado para a padronização do inoculo, feita na escala de MacFarland em 10 ⁷ UFC/mL. A suspensão com o MO foi diluída em 1:10 na solução para LC. 1 mL dessa mistura foi passada para placa de Petri para realização de pour plate com ágar Sabouraud, e então incubado a 37 ºC por 48h. O mesmo foi feito após 1h, 2h, 3h, 4h, 5h, 6h e 24h de contato do MO com a solução de LC. No caso das 4 soluções multiação respeitou-se o tempo mínimo de contato estipulado pelo fabricante. Com o soro fisiológico houve crescimento de incontáveis colônias em todos os tempos. O peróxido de hidrogênio e a solução C mostraram eficácia logo no tempo inicial, obtendo-se ausência de colônias em todo o teste. As soluções A e D foram efetivas apenas no tempo de 24h, sendo que antes houve crescimento de incontáveis colônias. A solução B foi capaz de eliminar o crescimento do fungo a partir do tempo 6h. Observou-se que nas soluções próprias para LC o número de MO foi diminuindo com o passar do tempo. Com a pesquisa ainda em andamento, já se pode concluir que o soro fisiológico não deve ser usado com propósito desinfetante, que o peróxido de hidrogênio possui ótima ação e que as outras soluções precisam de um maior tempo de contato para obter ótimo efeito.