Resumo

A otomicose é uma infecção fúngica que acomete o conduto auditivo externo na membrana timpânica. Os agentes etiológicos mais frequentes nesta infecção são espécies de Aspergillus, principalmente em infecções crônicas. Esta micose é consequência de diversas manifestações clínicas em otologia como otite média aguda e crônica, otites externas, câncer de ouvido médio, colesteatomas e traumatismo cranioencefálico, além de cirurgias otológicas prévias como a mastoidectomia. Os sintomas são inespecíficos sendo eles, principalmente, a otalgia, otorréia e prurido. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de otomicose após timpanomastoidectomia. Paciente do sexo feminino, 45 anos, do lar, hipertensa, previamente submetida à timpanomastoidectomia, com otite média crônica por fungo na orelha externa queixando-se de prurido, foi atendida no Ambulatório de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas-UFPE. Após três meses, teve recidiva da infecção fúngica. Amostra de secreção do conduto auditivo foi coletada com swab, transportada em água destilada esterilizada adicionada de 50 mg/L de cloranfenicol para o Laboratório de Micologia Médica da Universidade Federal de Pernambuco. O material biológico foi processado para exame direto sem utilização de clarificante e corante, entre lâmina e lamínula. Concomitantemente, foi realizado semeio da amostra clínica em Sabouraud Dextrose Ágar suplementado de 50mg/L de cloranfenicol contido em placas de Petri mantidas a 37°C. A identificação do agente etiológico foi realizada através das características taxonômicas. Ao exame direto da secreção, foram observados, filamentos micelianos hialinos, septados, dicotômicos; conídios e conidióforos típicos do gênero Aspergillus. Através das características taxonômicas foi possível concluir que A. tamarii era o agente etiológico da otite externa fúngica. O diagnóstico micológico de otite nos casos de queixa clínica requer a investigação fúngica para melhor condução de tratamento e cura, evitando recorrência e cronicidade.