Resumo

Otomicose, também conhecida como otite externa fúngica, é uma infecção do canal auditivo externo, que, algumas vezes pode envolver a orelha média devido à perfuração da membrana timpânica. Fungos pertencentes ao gênero Aspergillus, são os agentes causadores mais comuns desta micose. Um dos principais e mais graves fatores predisponentes da otomicose é a obstrução anatômica do tímpano. Nesses casos, a otite fúngica pode acometer a orelha média devido a episódios de otorréia. A inflamação crônica da mucosa na orelha média resulta em uma contínua drenagem de fluidos da cavidade da orelha média para o canal auditivo, e, devido à perfuração da membrana timpânica e otorréia, recidivas são bastante frequentes. O objetivo do trabalho foi relatar um caso de otomicose após perfuração timpânica. Paciente do sexo masculino, 24 anos, agricultor, com infecção na orelha externa, foi atendido no ambulatório de otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas-PE apresentando perfuração timpânica e perda auditiva bilateral. Amostras de secreção e fragmento do conduto auditivo foram coletadas com swab, posteriormente, acondicionadas em água destilada esterilizada adicionada de 50 mg/L de cloranfenicol, transportadas para o Laboratório de Micologia Médica da Universidade Federal de Pernambuco e processadas para exame direto e cultura. O material biológico foi processado para preparação de lâmina com a amostra entre lâmina e lamínula sem corante e clarificante. Para o isolamento do agente etiológico, o material foi semeado em ágar Sabouraud adicionado de 50mg/L de cloranfenicol contidos em placa de Petri mantida a 37°C. A identificação do agente etiológico foi realizada em meio Czapek e ágar malte através da observação de características taxonômicas (macroscópicas e microscópicas). Ao exame direto das amostras foram observados filamentos micelianos hialinos, septados, dicotômicos. Em cultura foi identificado A. niger como agente da otite externa fúngica. As constantes reinfecções desta cavidade podem levar a sequelas irreversíveis na audição e ainda possibilitar a invasão do ouvido médio causando grandes complicações, e se não tratada, pode causar danos irreversíveis, sendo relevante o diagnóstico clínico associado ao laboratorial.