Resumo

As regiões costeiras são muito complexas incluindo baías, estuários e extensas áreas semifechadas nas quais se concentra um intenso desenvolvimento populacional. Embora a relação existente entre o aumento populacional nas regiões litorâneas e as alterações no ambiente seja há muito tempo conhecida, somente recentemente começou-se a dar atenção aos impactos que o desenvolvimento destas áreas pode causar ao ecossistema marinho bem como à saúde da população. O objetivo deste trabalho é determinar a densidade de bactérias Escherichia coli na água do mar e areia de praias consideradas próprias e impróprias ao banho. As coletas se iniciaram no mês de dezembro de 2011 e são realizadas mensalmente. As amostras de água foram coletadas em frascos estéreis em maré baixa e as amostras de areia foram coletadas na Zona Seca e Zona Úmida, e foram acondicionadas em sacos plásticos estéreis. O método utilizado foi a Técnica de Membrana Filtrante. O meio de cultura foi o Ágar mTEC. São contadas como Escherichia Coli as colônias confirmadas pelo teste bioquímico de hidrólise da ureia. Os resultados mostraram uma maior concentração de bactérias na areia úmida, nas duas praias analisadas. Tanto na praia da Enseada quanto na Perequê-mirim as concentrações da bactéria são maiores na alta temporada, vindo a diminuir e tendo seu pico no mês de maio (7,810x10³UFC100g^-1)e(6,709x10³UFC100g^-1) respectivamente.Densidades de Escherichia coli superiores a 2000 UFC 100mL^-1(de água), caracterizam a impropriedade da praia para recreação de contato primário. A partir do mês de maio verificou-se esta impropriedade Pereque-Mirim (3,272x10³UFC100mL^-1) e Enseada (5,632x10³UFC100mL^-1). As areias das praias podem conter maiores concentrações bacterianas do que a coluna d'água, uma vez que as bactérias podem sobreviver neste ambiente por encontrarem condições favoráveis de nutrientes, proteção contra a luz solar e contra a predação. A alta concentração no período de alta temporada é provocada pelo aumento no fluxo de pessoas, descargas de esgoto nas praias, lixos, presença de animais, aumentando a proliferação de micro-organismos patogênicos. O aumento na concentração no mês de maio e permanecendo alta nos meses subsequentes pode ser devida a fatores abióticos como pH, salinidade e temperatura do meio.