Resumo

Introdução: A incidência de infecções associada ao aumento da resistência aos antimicrobianos impulsiona pesquisas de terapias profiláticas, não convencionais, com potencial antimicrobiano. O cranberry (Vaccinium macrocarpon) é uma fruta cultivada no hemisfério norte, conhecida por sua atividade antioxidante e por inibir a aderência de micro-organismos a mucosa do urotélio. Este estudo objetivou avaliar a atividade antimicrobiana de uma solução de Cranberry (SC) frente às cepas ATCC: Staphylococcus aureus (25923); Escherichia coli (25922); Pseudomonas aeruginosa (27853); Salmonella cholerasuis(10708); Candida albicans (76645); Candida tropicalis (13803) e Candida glabrata(15545). Metodologia: A SC foi obtida a partir de cápsulas gelatinosas (2000 mg) de um produto a base de cranberry, utilizando-se como solvente, solução de lauril sulfato de sódio a 10%, obtendo uma concentração final de 2000 mg/mL. A avaliação da atividade antimicrobiana foi realizada através do método de disco de difusão, onde 30 µL da SC foram utilizados para embeber os discos estéreis. Foram preparadas suspensões microbianas de acordo com o tubo 0,5 da escala de McFarland. As suspensões bacterianas e fúngicas foram semeadas e incubadas, respectivamente, em placas de ágar Mueller Hinton e ágar Sabouraud a 37ºC/24h e a 35ºC/24-48h. Após este período procedeu-se a leitura, verificando-se o diâmetro dos halos de inibição de crescimento. Os testes foram realizados em duplicata. Resultados e discussão: A SC apresentou atividade antimicrobiana frente a todas as cepas testadas. Para as cepas bacteriana os halos de inibição variaram entre 11 e 17mm, para as leveduras os halos variaram entre 18 e 22mm. A atividade biológica observada pode estar associada à rica composição química do V. macrocarpon, baseada em polifenóis, como proantocianidina. Conclusão: Os resultados obtidos demonstraram que este produto comercial, à base de V. macrocarpon apresentou potencial antibacteriano e antifúngico. Este elevado espectro de ação antimicrobiana, associado à capacidade de reduzir a aderência bacteriana ao urotélio, permite inincluí-lo numa categoria de produtos promissores capazes de serem utilizados em outros processos infecciosos. Entretanto, estudos mais detalhados sobre o uso terapêutico devem ser realizados.